Título: Comércio exterior brasileiro volta aos níveis anteriores à crise internacional
Autor: Oliveira, Eliane; Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 03/08/2010, Economia, p. 21

Superávit de julho, porém, recuou 52% em relação ao mesmo mês de 2009

BRASÍLIA. Com um superávit de US$1,358 bilhão, o comércio exterior brasileiro voltou, no mês passado, aos níveis anteriores à crise financeira internacional, ao registrar US$17,674 bilhões em exportações e US$16,316 bilhões em importações. As vendas e os gastos no exterior só não superaram julho de 2008 - de US$20,5 bilhões e US$17,1 bilhões, respectivamente. A turbulência global recrudesceu em setembro daquele ano.

O desempenho da balança comercial poderia ser mais forte se os Estados Unidos estivessem se recuperando na mesma velocidade que os mercados latino-americanos. Pela primeira vez, os EUA caíram para a terceira posição entre os principais mercados do Brasil, ficando atrás de China e Argentina.

- Não sabemos ainda o que aconteceu, se nós estamos vendendo menos porque a economia americana não se recuperou, ou se estamos perdendo exportações para a China - disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, acrescentando que a crise na Europa ainda não afetou as exportações brasileiras para aquela região.

Em julho, a China importou US$3,258 bilhões do Brasil, mantendo-se na primeira posição. Depois vieram Argentina, com US$1,618 bilhão, e EUA, com US$1,581 bilhão.

Apesar da recuperação da balança comercial, o superávit de julho está 52,1% abaixo do registrado no mesmo mês de 2009. Nos sete primeiros meses de 2010, o saldo acumulado, de US$9,237 bilhões, é quase a metade do registrado no mesmo período do ano passado (US$16,817 bilhões). Isso se deve ao fato de as compras externas crescerem a taxas mais elevadas que as vendas.

No mês passado, as exportações subiram 30,7% ante julho de 2009, e as importações, 51,9%. Nos sete primeiros meses do ano, as altas foram, respectivamente, de 27,1% e 45,1%.

Nas exportações, alguns destaques foram veículos de carga (alta de 145,4% sobre julho de 2009), açúcar refinado (73,1%), minério de ferro (151,4%) e ferro-ligas (70,8%). O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, ressaltou a queda na média diária exportada das últimas três semanas, de US$832 milhões para US$759 milhões.