Título: Petrolíferas se unem para conter vazamentos
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Fonte: O Globo, 22/07/2010, Economia, p. 28

Fundo de US$ 1 bilhão reúne quatro grandes empresas do setor para desenvolver um plano de ação no Golfo

WASHINGTON e MADRI. Quatro das maiores companhias petrolíferas do mundo ExxonMobil, Royal Dutch Shell, Chevron e ConocoPhilips vão anunciar hoje que estão se unindo para criar um fundo de US$ 1 bilhão e formar uma joint-venture para desenvolver uma ação para conter o vazamento de óleo em águas profundas do Golfo do México, revelou ontem o jornal britânico Financial Times.

Cada uma das quatro empresas terá 25% na nova companhia. A BP, segunda maior petrolífera do mundo, atrás da Exxon, e responsável pelo vazamento no Golfo, não foi incluída.

O papel do novo grupo será desenvolver e oferecer nas águas do Golfo equipamentos para prevenir outros derramamentos como o da BP no campo de Macondo. A joint-venture vai permitir outros que operam em águas profundas no Golfo do México possam se unir ao grupo e utilizar o equipamento em caso de um acidente, revelou o jornal britânico.

A associação é vista como uma tentativa pelas companhias petrolíferas de obter o sinal verde para que as prospecções em águas profundas sejam retomadas no Golfo, depois que o governo americano decretou a suspensão temporária na exploração de petróleo na região, no início do acidente da BP.

Equipamento será de última geração O equipamento da jointventure consistirá numa embarcação de contenção, capaz de capturar até 100 mil barris de óleo por dia, e outros peças que podem ser colocadas na superfície do mar para canalizar qualquer vazamento de óleo para o barco de contenção.

Será um equipamento de última geração, anunciou uma das companhias, segundo o Financial Times. Se um evento impensável ocorrer, seremos capazes de responder em 24 horas. Após o desastre da BP, que resultou numa maré negra de óleo na costa americana do Golfo, todo o setor petrolífero foi criticado por não estar preparado de forma adequada para enfrentar uma explosão das proporções que destruiu a plataforma da BP e resultou na morte de 11 operários.

Foi a explosão que provocou o vazamento do campo de Macondo.

No entanto, a pressão sobre o governo Obama para autorizar a volta da exploração em águas profundas no Golfo vem crescendo, devido às dificuldades econômicas dos EUA.

A suspensão (das atividades) é um exagero, que prejudica desnecessariamente partes inocentes e podem esmagar um enorme e altamente bem-sucedido componente da economia americana, disse ao Times Robin West, presidente da consultoria PFC.

BP vende ativos à rival por US$ 7 bi A BP ainda fechou ontem a venda, para a rival Apache, de ativos não estratégicos nos EUA, Canadá e Egito, por US$ 7 bilhões. Os recursos vão ajudar a cobrir os custos com a limpeza do vazamento no Golfo do México. Os campos são maduros e a Apache é especialista em operar nesses campos. A ideia original era vender metade de seus ativos em Prudhoe Bay, no Alasca, mas estes ainda têm importância estratégica para a empresa e, segundo uma fonte, não houve acordo sobre controle e preço. A Apache fará um depósito antecipado de US$ 5 bilhões.

A Apache está pagando US$ 19,40 por barril de petróleo, contra uma média de US$ 13 em transações recentes, segundo o banco Société Générale.