Título: Desfecho na articulação política
Autor: Pereira, Daniel
Fonte: Correio Braziliense, 29/06/2009, Política, p. 7

Executivo

Parlamentares e burocratas duelam nos bastidores pela posição. Cândido Vaccarezza é o candidato do PT. Baixo clero prefere assessor de José Múcio que cuida das emendas.

Vaccarezza, líder do PT na Câmara: prêmio de consolação para o partido

José Varella/CB/D.A Press - 20/11/08 José Múcio, quase ex-ministro: favorito do presidente para vaga no TCU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não indicou o titular de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, para a vaga de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) a ser aberta, amanhã, com a aposentadoria compulsória de Marcos Vilaça. Mas, como a escolha de Múcio é considerada barbada, ganhou fôlego a corrida para sucedê-lo no posto de articulador político do governo. Na última semana, consolidaram-se dois grupos de concorrentes no páreo. Num deles, figuram líderes de partido, atraídos pela possibilidade de ter acesso privilegiado ao gabinete presidencial. Noutro, estão os principais auxiliares do próprio Múcio, que apostam na promessa de Lula de privilegiar técnicos ao realizar as derradeiras mudanças ministeriais de seu mandato.

Hoje, o favorito para assumir a Secretaria de Relações Institucionais é o deputado petista Cândido Vaccarezza (SP). Líder do partido na Câmara, Vaccarezza avançou na disputa à medida que outros líderes recusaram a missão. Henrique Eduardo Alves (RN), comandante do exército de deputados do PMDB, por exemplo, prefere se manter à frente da tropa peemedebista. Assim, continuará a apresentar demandas, em vez de ter que ouvir os intermináveis pedidos de cargos e emendas feitos por parlamentares. Líderes do PMDB no Senado também não querem lotar um representante no Palácio do Planalto. Não estão dispostos a voltar a ser vidraça, condição já experimentada, entre outros, por Valdir Raupp (RO), Romero Jucá (RR) e Renan Calheiros (AL).

Aliado aos peemedebistas, o líder do PTB no Senado, Gim Argello (DF), até se apresentou como alternativa. Ficou pelo caminho e agora se dedica a pavimentar a candidatura ao governo do Distrito Federal. Entre os congressistas, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) desponta como adversário de Vaccarezza. Correndo por fora, o comunista é fiel a Lula e amigo de Renan. Ex-presidente da Câmara, volta e meia é cotado para assumir um ministério, sem que haja, no entanto, a efetivação. Se for escolhido, Aldo retornará à articulação política, que comandou entre 2004 e 2005. ¿O Vaccarezza leva vantagem. O PT quer de volta o ministério. Além disso, seria bom recompensar o partido depois da derrota pela presidência do Senado¿, diz um auxiliar do presidente.

Solução caseira Caso o presidente decida promover um dos secretários de Múcio a ministro, a tendência é que o eleito seja Marcos Lima. Subchefe de Assuntos Legislativos, ele é o responsável pelas negociações diretas com deputados e senadores. É ¿o homem das emendas¿. Além disso, dá expediente diário nos plenários, sobretudo da Câmara. Lima conta com o apoio dos partidos de pequeno e médio portes e mantém boa relação com caciques. Seu principal adversário dentro da pasta de Relações Institucionais é o subchefe de Assuntos Federativos, Alexandre Padilha. ¿Queridinho¿ da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, Padilha atualmente cuida das negociações com governadores e prefeitos.

O páreo interno ainda conta com um terceiro concorrente : Márcio Favilla. Consta do páreo devido ao fato de Lula ter prometido, ainda no ano passado, efetivar os secretários executivos, como Favilla, no lugar dos ministros que deixarem a Esplanada para disputar as eleições em 2010.

Sucessão da PGR nas mãos de Lula

RICARDO BRITO Cadu Gomes/CB/D.A Press - 03/06/2009 Antônio Fernando: O procurador-geral prefere Roberto Gurgel, o mais votado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve escolher hoje pela manhã o chefe do Ministério Público Federal (MPF) para os próximos dois anos. O novo procurador-geral da República substituirá Antonio Fernando de Souza, que oficialmente deixou o cargo neste domingo, após quatro anos à frente do posto. Segundo aliados com quem conversou nos últimos dias, o presidente está dividido entre dois candidatos: o vice-procurador-geral da República, Roberto Monteiro Gurgel, e o coordenador da área criminal do MPF, o subprocurador Wagner Gonçalves.

Aliados dizem que Lula pode divulgar o nome do escolhido antes de embarcar, à noite, para a África, em viagem oficial. Se não o fizer, só no fim da semana, quando volta. Gurgel e Gonçalves foram os dois candidatos mais bem votados pela categoria na eleição informal feita pela Associação Nacional dos Procuradores da República

(ANPR), respectivamente com 482 e 429 votos. O presidente, a quem constitucionalmente cabe a indicação, não é obrigado a seguir a sugestão dos procuradores. Desde o primeiro mandato, porém, Lula tem prestigiado em suas indicações a lista da categoria. Foi assim com Cláudio Fonteles (2003) e com Antonio Fernando (2005 e 2007).

Num primeiro momento, Lula, segundo aliados, estava inclinado a indicar Gurgel. O vice-procurador conta com o apoio do ex-presidente da Corte e atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, e de Antonio Fernando. O ministro Tarso Genro, da Justiça, passou a chancelar a eventual escolha de Gurgel, depois que sua preferida, a subprocuradora Ela Wiecko, terminou em terceiro lugar (314) na eleição informal da ANPR.

Contudo, o excessivo número de apoiadores de Gurgel, segundo um interlocutor de Lula para assuntos jurídicos, fez o presidente passar a considerar o nome de Gonçalves, apoiado pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Os dois têm perfis diferentes. Gurgel é mais contido nas declarações públicas, semelhante ao estilo de Antonio Fernando. Já Gonçalves é mais de confronto ¿ recentemente, não poupou de críticas públicas decisões do STF, presidido por Gilmar Mendes.

O escolhido terá de passar por sabatina no Senado. Por enquanto, a chefia interina ficará a cargo da subprocuradora Deborah Duprat, vice-presidente do Conselho Superior do MPF.