Título: De olho num mercado GLS de R$ 150 bilhões
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 01/08/2010, Economia, p. 42

SP vai sediar primeira feira de negócios do Mercosul voltada para público gay, estimado em 18 milhões no Brasil

DOUGLAS DRUMOND, da Câmara GLS: tirando comércio do armário

SÃO PAULO. Em julho de 2011, São Paulo vai sediar o primeiro Expo Business LGBT do Mercosul, uma feira de negócios que pretende reunir cerca de 30 empresas com atividades direta ou indiretamente voltadas para o público de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT) da região. Empresas de turismo, hotelaria, gastronomia, aluguel de carros e lazer de um modo geral são as mais interessadas, mas o encontro estará aberto para qualquer tipo de empresa ou profissional liberal que queira aproveitar a ocasião para conversar sobre as oportunidades geradas por um público estimado em 18 milhões de pessoas no Brasil e com um poder de consumo que muitos calculam ultrapassar os R$150 bilhões.

Trata-se do primeiro grande evento da Câmara de Comércio GLS do Brasil, cujo estatuto foi aprovado há um ano e as atividades começaram a se estruturar de fato recentemente. A Câmara, que hoje possui 40 associados ¿ a maioria pequenos negócios voltados para a comunidade ¿ e três grandes empresas como observadores ¿ os bancos Itaú e Santander e a construtora Tecnisa ¿, tem o apoio institucional da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual da prefeitura de São Paulo e se reúne mensalmente para estudar ações que fortaleçam os negócios do grupo. O slogan é curioso: ¿Vamos tirar o mercado do armário!¿.

¿ Enquanto no exterior as empresas possuem ações específicas voltadas ao público LGBT, a exemplo da Fiat, que bancou a passeata gay em Madri, impressiona que no Brasil elas ajam como se a comunidade gay não existisse. É preconceito não apenas nas empresas, mas nas agências de publicidade ¿ diz Douglas Drumond, presidente da Câmara e proprietário do Clube 269 em São Paulo, e do hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte.

¿ Há muito preconceito, conservadorismo e pouca objetividade nas grandes empresas ¿ faz coro o coordenador da área de Sustentabilidade e Gestão Ambiental da FGV e professor da Unicamp, Reinaldo Bulgarelli, cuja consultoria Txai é especializada em políticas de diversidade e sustentabilidade no mundo corporativo e ajudou a montar a Câmara.