Título: O maior risco que corremos é a complacência
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 04/08/2010, O País, p. 11
Presidenciável volta a defender autonomia para o Banco Central
SÃO PAULO. Com um discurso sob medida para os ouvidos da plateia, a candidata do PV à Presidência, Marina Silva, foi saudada ao fazer uma palestra ontem em São Paulo, para dirigentes de bancos e instituições financeiras, liderados pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
A presidenciável defendeu a autonomia do Banco Central, a necessidade de redução dos gastos públicos como solução para o baixo investimento em infraestrutura, a reforma tributária e a necessidade de tornar as regras claras para aperfeiçoar o ambiente de negócios no país.
Após um discurso de 33 minutos, Marina recebeu aplausos entusiasmados da plateia de quase cem pessoas.
Ela citou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso uma vez e não falou de Lula, apesar de ter elogiado o atual governo por sua atuação na crise econômica e destacado um dos principais programas da gestão petista, o Bolsa Família.
Ela alertou para a necessidade de mudanças na política de desenvolvimento.
O maior risco que corremos hoje é a complacência, confundir o sucesso no curto prazo com a construção de um futuro generoso e sustentável no longo prazo. Muitos dos estímulos utilizados para fazer frente à crise não podem ser perenizados, sob pena de introduzirmos desequilíbrios na economia.
Marina afirmou que o país não vive um crescimento sustentado.
Para sustentar o crescimento, o Brasil necessita de grandes investimentos na infraestrutura.
A situação das finanças públicas e a rigidez do orçamento tornam imprescindível a atração de capital privado.
Os grandes eventos internacionais previstos para os próximos anos, como Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas do Rio em 2016, apenas reforçam essa necessidade.
Foi uma exposição bastante inspiradora O discurso foi bem recebido.
Foi uma exposição bastante inspiradora, muito bem recebida.
Acho que a questão nós estamos nos propondo é termos condições para que cada instituição faça julgamento daquilo que entende seja o melhor modelo para o Brasil que queremos afirmou Fábio Barbosa, presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF) e da Febraban.
Ao fim do discurso, os participantes puderam perguntar e dois elogiaram a fala de Marina.
Ela conta na equipe com um exdirigente do mercado financeiro: Álvaro de Souza, expresidente do Citibank. Marina descartou que o seu discurso afinado com o mercado tenha sido pelo fato de ter recebido entre 10 e 30 de julho R$ 4,65 milhões em doações enquanto José Serra (PSDB), com mais que o triplo das intenções de voto, ter conseguido apenas R$ 3,6 milhões.
Dono de um patrimônio de R$ 1,2 bilhão, o vice da chapa, o empresário Guilherme Leal, sócio da empresa Natura, admitiu estar contribuindo com a campanha, mas não revelou qual a quantia. O vice de Marina minimizou a importância dos recursos investidos na candidatura.
Eu tenho feito contribuições, sim, e os limites são éticos afirmou.