Título: Tucano diz que teve sigilo bancário violado
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 06/08/2010, O País, p. 14

Em depoimento na PF, Eduardo Jorge, que também teve dados fiscais vazados, culpa campanha de Dilma

BRASÍLIA. O vice-presidente nacional do PSDB, Eduardo Jorge, afirmou ontem, em depoimento na Polícia Federal, que a quebra de seu sigilo fiscal pode ter sido resultado de uma investigação ilegal. Para ele, o vazamento tem ligação com o comitê da candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff. Eduardo Jorge disse que não faz sentido a hipótese de que os dados foram vazados à imprensa a partir de acesso imotivado e involuntário às suas contas por fiscais da Receita Federal. O tucano informou à PF que também o seu sigilo bancário, e não apenas o fiscal, foi violado.

Como esses dois sigilos, bancário e fiscal, são independentes, fica claro que existia uma investigação para montar esse dossiê disse Eduardo Jorge, durante entrevista após o depoimento.

Segundo o tucano, uma cópia da declaração de renda de 2009 foi entregue a ele por um repórter do jornal Folha de S.Paulo, em junho. O repórter teria dito a Eduardo Jorge que as informações estavam em poder do comitê de campanha da candidata do PT. A intenção seria checar se a evolução patrimonial registrada no documento era verdadeira. O PT tem negado qualquer tipo de envolvimento com o suposto dossiê e com o vazamento de dados sigilosos de Eduardo Jorge.

Ou essa operação (investigação) se originou no comitê ou alguém do comitê recebeu esse material afirmou o líder tucano.

Eduardo Jorge critica apuração da Receita Eduardo Jorge disse à polícia que soube do vazamento de dados de uma conta que mantém no Banco do Brasil por intermédio de um repórter da revista Veja. O repórter também teria dito que as informações estavam com integrantes da pré-campanha da candidata petista. Na entrevista, o vice-presidente do PSDB reclamou da apuração em curso promovida pela corregedoria da Receita Federal. Ele cobra, especialmente, que a Receita informe quem acessou os dados fiscais dele.

Eduardo Jorge sugere que a Receita investigue se houve acesso aos dados de sua declaração de Imposto de Renda a partir do sistema de apurações especiais.

Acho que a Receita está empurrando com a barriga reclamou.

Sindicância da CorregedoriaGeral da Receita Federal aponta a analista tributária Antônia Aparecida Rodrigues Santos Neves da Silva como a principal suspeita de invasão aos dados fiscais de Eduardo Jorge. Ela está lotada na Receita Federal de Santo André (SP). Em depoimento à Corregedoria da Receita, a analista disse que não se lembrava de acessar as declarações de Eduardo Jorge.

Na quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou um convite para que a servidora apresente explicações sobre o suposto dossiê.

Eduardo Jorge reclamou ainda que, desde 2000, já teve o seu sigilo violado três vezes e até hoje ninguém foi responsabilizado.