Título: Lula cobra de ministros reação a críticas para ajudar Dilma
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 11/08/2010, O País, p. 4

Presidente quer resposta rápida a ataques feitos na campanha eleitoral

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou ontem aos ministros que reajam a ataques feitos ao governo pela oposição na campanha, em debates, entrevistas e na propaganda eleitoral gratuita na televisão, que começa na semana que vem. Lula também cobrou empenho e cuidado de cada um dos ministros com suas áreas.

Sem citar o candidato tucano, José Serra, o presidente advertiu, na terceira reunião ministerial do ano, que a oposição tentará desconstruir o seu governo. E deixou claro que não vai aceitar que nenhuma falha se transforme num ponto fraco na campanha da candidata petista, Dilma Rousseff.

Para ministros ouvidos pelo GLOBO, Lula mandou recados indiretos a alguns integrantes do governo. O presidente teria ficado incomodado com o titular da Defesa, Nelson Jobim, que teve um comportamento ausente na crise aérea da semana passada.

Também contrariou Lula a omissão do ministro da Educação, Fernando Haddad, que não respondeu imediatamente à acusação de que o governo vetou a prática de ensino pelas Apaes, feita por Serra no debate da TV Bandeirantes.

Cada ataque ao governo, quem tem que defender é o governo.

Dilma é candidata. Vai cuidar das propostas e da campanha dela disse Lula, segundo relatou um ministro. Nunca aqui eu perguntei se algum ministro tinha candidato. Vocês sabem que eu tenho candidata.

Mas o que eu quero é que todo mundo defenda o governo e não deixe passar em branco nenhuma crítica injusta.

Lula também cobrou foco nas ações de governo, especialmente nos projetos sociais e no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas liberou os auxiliares para se engajarem na campanha eleitoral dos aliados e de Dilma nos fins de semana.

Ele pediu pressa na regulamentação de leis aprovadas pelo Congresso e de procedimentos internos, como o processo de licenciamento ambiental, que tem emperrado obras do PAC. Lula deu prazo até setembro para a conclusão da proposta de organização dos procedimentos para liberação ambiental de obras.

O presidente chegou bemhumorado à reunião. Fez teste de som do microfone, perguntando se todos ouviam bem.

Está ouvindo bem aí, pescador? perguntou ao ministro da Pesca, Altemir Gregolin, sentado na outra ponta da mesa.