Título: Risco em alto-mar
Autor: Almeida, Cássia; Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 10/08/2010, Economia, p. 23

Fiscais veem perigo de acidente em plataforma da Petrobras. ANP fará inspeção

A plataforma P-33 foi parar na Justiça. Depois que fiscais do trabalho interditaram equipamentos que bombeiam gás para terra firme, parando a produção do gás, a Petrobras conseguiu na Justiça de Macaé liminar que permitiu o religamento da instalação. Auditores fiscais interditaram três filtros de compressão de gás da plataforma, por falta de válvulas de segurança, na última terça-fera. Diante das denúncias dos petroleiros, publicadas ontem no GLOBO, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou que vai fazer inspeção na plataforma. O auditor fiscal José Roberto Moniz Aragão, que esteve na plataforma P-33 na semana passada, disse que as condições no navio são precárias: Capazes de provocar acidentes (de trabalho) de grandes proporções. O problema maior está nas tubulações de gás e de óleo, que sofreram reparos provisórios. Há perigo de vazamento na plataforma, a bordo.

Segundo o relatório dos fiscais, há reparos provisórios em 35 tubulações de óleo, gás e água. As denúncias do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense começaram no ano passado, segundo o diretor de Saúde e Segurança do sindicato, Armando Freitas, que é também técnico de segurança da P-33: A situação da P-33 e da P-31 é mais grave, mas todas as 30 plataformas da Bacia de Campos precisam de reformas urgentes. A capacidade de armazenamento de óleo é muito grande, cerca de um milhão de metros cúbicos de óleo. Corremos risco também de acidente ambiental.

A ANP explicou que normalmente acompanha a situação das plataformas, mas, em razão da reportagem publicada ontem no GLOBO, na qual auditores fiscais do trabalho teriam identificado problemas de segurança na P-33, decidiu que fará uma auditoria para breve na P-33. A agência destacou ainda que órgãos da administração pública, como Ministério do Trabalho, Marinha, Ibama e a própria ANP, têm autonomia para determinar a parada de produção.

Liminar libera uso de equipamento interditado

A fiscalização do Ministério do Trabalho começou no ano passado e foi acertado com a Petrobras um cronograma de reformas que terminaria em julho. O prazo foi estendido pela companhia para outubro. Em 14 de julho, a explosão no turbocompressor projetou a porta do casulo contra uma viga. Segundo Freitas, houve risco para os trabalhadores. Funcionários relataram que uma tubulação de água também estourou. Em maio, houve vazamento de gás. Os petroleiros estão em campanha salarial às vésperas da data-base, que é setembro.

O auditor Aragão afirmou que o sistema de drenagem da plataforma está prejudicado, deixando o piso escorregadio, e que a plataforma está operando abaixo da capacidade, com 20 mil barris de petróleo por dia (a capacidade é de 63 mil). Uma tubulação de gás está desativada.

A Petrobras informou que conseguiu, ontem, na 2° Vara de Trabalho de Macaé, liminar suspendendo a interdição de equipamentos da P-33.

A companhia disse ter demonstrado à Justiça que o equipamento interditado tem válvulas de controle de pressão. A empresa afirmou ainda que a Marinha inspeciona regulamente a plataforma e está prevista nova inspeção amanhã. Fiscais do trabalho também devem embarcar na plataforma nos próximos dias, segundo a Petrobras.