Título: Ponto a ponto
Autor: Allan, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 28/06/2009, Economia, p. 14

As duas frentes da recuperação

CHINA

Quando: já está ocorrendo Beneficiários: os demais países emergentes

Como vai se dar

A China está apostando no fortalecimento do mercado interno. Seu programa de recuperação, que prevê gastos públicos de US$ 687 bilhões, está permitindo um reaquecimento mais rápido. Em vez dos 6% previstos no início do ano, a economia chinesa deve crescer 8%.

O aumento da demanda chinesa está recuperando os preços das commodities agrícolas e minerais. Os principais beneficiados são os demais países emergentes que exportam para a China, como o Brasil, Argentina, Chile, Rússia e alguns países asiáticos (Vietnã, Coreia do Sul e Indonésia, por exemplo).

O mecanismo de transmissão do crescimento para os demais países emergentes será o comércio exterior. A elevação nas vendas para a China, que também vai atingir produtos industriais, vai ajudar a dinamizar a economia dessas nações, melhorando a produção, o emprego e a renda.

A retomada gerada pela frente chinesa tem um fôlego limitado, com pouca influência nos países desenvolvidos. Apesar do bom desempenho, o país não tem condições de sustentar a recuperação mundial sozinho. A economia da China representa só 8,1% do PIB global.

ESTADOS UNIDOS

Quando: a partir de 2010 Beneficiários: países desenvolvidos e os principais emergentes

Como vai se dar

O crescimento mundial num ritmo mais forte depende da recuperação do consumo dos norte-americanos. Isso só vai ocorrer quando dois problemas forem resolvidos: o alto grau de endividamento das famílias e o enxugamento do crédito.

As atuais medidas para renegociar as dívidas dos trabalhadores, principalmente as que dizem respeito ao financiamento imobiliário, e para limpar os balanços dos bancos dos títulos podres devem fazer efeito a partir de 2010. Com isso, o crédito deve voltar e os consumidores voltarão às compras.

O aquecimento do comércio aumentará as encomendas às indústrias e o nível de produção. Para dar conta do recado, as empresas precisarão contratar novos empregados, cuja renda poderá ser destinada ao consumo. O país voltará a importar em grandes quantidades.

O mecanismo de transmissão para os países desenvolvidos e emergentes, fornecedores de produtos para os EUA, também será o comércio exterior. A retomada pela frente norte-americana terá um fôlego maior. O consumo do país é responsável por não menos que 17,5% de todo o PIB mundial.