Título: Indexação é item que precisará ser reavaliado
Autor: Duarte, Patrícia; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 08/08/2010, Economia, p. 35

Para BC, correção via TR é obstáculo para manter juro baixo

BRASÍLIA. Dentro do Banco Central (BC) também existe a avaliação de que a próxima equipe vai ter de mudar contratos com correção indexada, como os habitacionais, via Taxa Referencial (TR). E isso mexe, por outro lado, com a caderneta de poupança. O assunto é complexo, mas se isso não ocorrer, haverá mais obstáculos para manter a Selic taxa básica de juro, hoje em 10,75% ao ano em trajetória de queda a longo prazo. O atual governo até tentou colocar em pauta essa questão no ano passado, mas esbarrou na pressão popular e política.

A ideia era acabar com a TR, e criar uma forma de correção atrelada à Selic, que serviria para quebrar essa indexação.

Isso, na prática, mexeria na remuneração da caderneta de poupança, atualmente estabelecida em 0,5% ao mês mais a TR. Mas, por ser a aplicação financeira mais popular, recebeu uma enxurrada de críticas e o governo desistiu de encampála.

é outro desafio A próxima equipe também vai ter de encarar mudanças cambiais, para modernizar a estrutura para os empresários.

O BC já trabalha nesse sentido, como a criação de um novo sistema tecnológico de compensações, mas que somente será tirado do papel em meados de 2011. Ou seja, precisa que os sucessores continuem o trabalho.

O GLOBO procurou as assessorias dos três principais candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV).

No entanto, apenas o deputado Antonio Palocci, que atua na campanha de Dilma, respondeu.

Palocci defende reforma tributária Palocci disse concordar que é preciso tirar do papel medidas para o câmbio e a reforma tributária, sobretudo com a simplificação da cobrança do ICMS. Ele explicou que a ideia é criar uma única lei federal para esse imposto, para facilitar a vida das empresas, uma vez que hoje elas têm de lidar com 27 diferentes legislações por se tratar de um tributo estadual.

Isso sem mexer na propriedade do ICMS, cuja arrecadação pertence ao estados enfatizou.

De acordo com Palocci, Dilma também já assumiu o compromisso de manter, caso eleita, a meta de superávits primários economia para pagamento de juros de 3,3% do PIB e, assim, reduzir a dívida pública para menos de 30% do PIB em 2014. Hoje, essa relação está na casa dos 40%.

Essa é uma proposta muito importante e que deve ser levada em consideração, a de uma estrutura fiscal adequada afirmou Palocci, que foi ministro da Fazenda. (Patrícia Duarte e Martha Beck)