Título: Equipe econômica deixará herança espinhosa
Autor: Duarte, Patrícia; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 08/08/2010, Economia, p. 35

Reformas tributária e da Previdência e aperfeiçoamento do mercado de câmbio são desafios para o próximo governo

BRASÍLIA. A equipe econômica deixará para seus sucessores uma agenda espinhosa, que terá de sair do papel para garantir o bom andamento da economia a partir de 2011. Nela, estão desafios como as reformas tributária e da Previdência, o aperfeiçoamento do mercado de câmbio e a desindexação da economia. Isso sem contar a ampliação do financiamento privado para infraestrutura e a qualificação da mão de obra no país.

Integrantes da equipe econômica ouvidos pelo GLOBO afirmam que estes são pontos essenciais para o Brasil, mas reconhecem que não conseguiram fazê-los avançar, tanto pelas dificuldades fiscais, quanto pela falta de cacife político. A negociação do governo com o Congresso tem sido uma queda de braço constante.

É o tipo de agenda para começo de governo, que vem com o aval das urnas afirmou um importante integrante da equipe econômica.

No caso da reforma tributária, a avaliação é que a medida poderia começar a ser concretizada não pela redução dos impostos assunto reconhecidamente polêmico mas pontualmente, por meio de melhores regras e menos burocracia.

Recursos para infraestrutura é um dos desafios O mesmo vale para a Previdência, avalia a equipe, que já ajudaria o país a se tornar mais atrativo a investimentos.

Recursos para a área de infraestrutura, aponta o ministro da Fazenda, Guido Mantega, são outro desafio. Segundo ele, o próximo governo terá de modernizar o sistema financeiro, garantindo financiamento suficiente para grandes projetos que virão.

Sem uma estrutura que garanta a realização de investimentos importantes, o crescimento econômico pode ficar comprometido disse Mantega ao GLOBO.

Para a equipe da Fazenda, é preciso continuar dando incentivos para que o setor privado financie investimentos e reduza custos tanto do ponto de vista financeiro quanto tributário. Os técnicos também ressaltam que a próxima administração terá de trabalhar em projetos como a desoneração da folha de pagamentos das empresas.

Essa medida daria um grande alívio às empresas e estimularia a formalização do mercado de trabalho. Mas ficou para o próximo governo, por falta de espaço fiscal disse um técnico.

Segundo essa fonte, para cada ponto percentual de desoneração da folha, o governo abre mão de R$ 3,7 bilhões em arrecadação com a contribuição previdenciária.

O envelhecimento da população também pressionará o próximo governo por uma reforma da Previdência. No entanto, os técnicos ressaltam que o tema é sensível e que pode acabar sendo tratado por meio de ajustes pontuais no sistema brasileiro, como alterações no fundo de previdência dos servidores públicos.

Outro desafio, para a Fazenda, é qualificar a mão de obra.

Hoje, o problema no Brasil é a falta de trabalhadores preparados para atender a forte demanda do mercado. Esse problema tende a crescer com os grandes projetos que vêm pela frente disse um técnico do ministério.