Título: Interior sustenta criação de vagas
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 28/06/2009, Economia, p. 16

Quase 138 mil empregos foram gerados fora das regiões metropolitanas

O interior do país é responsável pelo saldo líquido positivo do emprego este ano. Enquanto as regiões metropolitanas responderam por apenas 25.554 novos empregos, o interior contribuiu com 137.750 postos de trabalho nos cinco primeiros meses de 2009 (5,4 vezes mais). É um volume considerável, uma vez que o total de empregos líquidos criados em 2009 é de 180.011 postos de trabalho até maio. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged ¿ leia texto abaixo) do Ministério do Trabalho.

Os números referentes a maio, isoladamente, mostram a diferença. O interior contribuiu com 79.218 empregos, enquanto as regiões metropolitanas foram responsáveis pela abertura de apenas 34.202 vagas. Sozinha, a agricultura empregou 52.927 trabalhadores. Esse volume é quase a metade dos 131.557 novos empregos criados em maio.

Foi a agricultura que inverteu a curva do emprego. Tudo por conta da safra da região centro-sul. Nos dois primeiros meses de 2009, quando a crise ainda estava batendo forte no mercado de trabalho, o interior estava fechando mais vagas do que as regiões metropolitanas. Com o início da safra, em março, a situação mudou drasticamente. A procura por trabalhadores para o cultivo do café e da cana-de-açúcar foi forte em Minas Gerais e São Paulo. Em maio, no interior mineiro foram contratados 26.364 trabalhadores. Outros 12.590 encontraram postos com carteira assinada nas fazendas paulistas. Além da agricultura, comércio e serviços vêm garantindo saldos líquidos positivos na criação de postos de trabalho com carteira assinada. Ao contrário, a indústria emperra o crescimento.

Mesmo com o apoio do governo mediante redução de impostos, a indústria não tem conseguido reagir na mesma velocidade dos demais setores. O professor José Pastore, consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), não tem dúvidas de que o emprego ainda vai demorar a reagir. ¿A indústria está sendo muito atingida pela crise . A capacidade ociosa é grande e, como o investimento de ontem é o que garante o emprego de hoje, não tendo tido o investimento não tem como o emprego aparecer¿, explicou.

Sinalização Pastore chama a atenção para as exceções. Pequena parte da indústria de transformação, como a alimentícia, vem mostrando sinais de recuperação de postos de trabalho. Na indústria metalúrgica, o segmento de automóveis começa a reagir no mercado interno, mas vai mal no externo.

¿Não tem demanda interna e externa para ônibus e caminhões, máquinas e equipamentos¿, listou o professor. Já na linha branca ¿ geladeira, fogão e máquina de lavar ¿, o consumo está aquecido graças à queda de impostos.

Na avaliação do professor a retomada do emprego no setor industrial vai se dar lentamente e na dependência de um cenário externo mais favorável.

O número Agricultura 52.927 empregos foram criados pelo setor agrícola em maio

Para saber mais O que é Caged

O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é um registro das admissões e dispensas de empregados com carteira assinada em todo o território nacional. Independentemente do número de funcionários, todo estabelecimento, seja ele de grande ou pequeno porte, que possui trabalhadores contratados formalmente é obrigado a informar, todo mês, qualquer movimentação de pessoal ao Ministério do Trabalho. Isso acontece desde 1965 ¿ há 44 anos, portanto. As informações do Caged servem para subsidiar as decisões do governo na área da política pública de emprego, além de ser um importante instrumento para a programação do seguro-desemprego, benefício que ajuda o trabalhador demitido.

O Caged, portanto, não é uma pesquisa. Ele é um retrato do emprego formal em todo o país, tanto do interior quanto das capitais e regiões metropolitanas. Não é pelo Caged que se mede, por exemplo, o nível de desemprego nacional. Para isso existem as pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE mede, entre outros dados, a taxa de ocupação das seis principais regiões metropolitanas do país.