Título: Economia esfriou no semestre, diz BC
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 12/08/2010, Economia, p. 29

Índice da instituição que mede a atividade subiu em junho apenas 0,02%

BRASÍLIA. A economia brasileira encerrou o semestre com sinais claros de arrefecimento, apesar de ainda viver um momento de expansão considerável. Em junho, o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br) ficou praticamente estável, em 139,26 pontos, com uma pequena elevação de 0,02% sobre maio. No segundo trimestre, o aumento foi de 1,32% sobre janeiro a março, quando o indicador registrara crescimento de 2,45% sobre o período anterior. O comportamento reforçou a expectativa de parte do mercado de que o ciclo de aperto dos juros chegou ao fim.

O IBC-Br divulgado ontem também mostrou que, no semestre, a atividade cresceu 9,96% e, em junho comparado com um ano antes, o avanço foi de 8,59%.

O IBC-Br é preparado pela autoridade monetária e serve de indicador antecedente do comportamento da economia nacional, uma vez que o Produto Interno Bruto (PIB) trimestral - calculado pelo IBGE - só está disponível 60 dias após o encerramento do período.

O BC, que projeta expansão de 7,3% do PIB este ano, também fez um ajuste na série temporal e mostrou que em maio, comparado com abril, a economia teve uma pequena retração de 0,06%. Na divulgação do mês passado, o IBC-Br havia mostrado estabilidade neste período.

- Os números de maio e junho mostram de fato que houve uma acomodação da economia em relação ao início do ano. Essa acomodação até veio um pouco mais rápida e intensa do que se esperava - afirmou o economista-chefe do banco Schahin, Silvio de Campos Neto.

Por conta disso, ele reforçou a percepção de que o BC não voltará a elevar a Selic, hoje em 10,75% ao ano, interrompendo um ciclo de três altas seguidas e que somaram dois pontos percentuais. A desaceleração no ritmo de crescimento da economia mostra que a demanda também perdeu força e, assim, retirou parte da pressão inflacionária.

Campos Neto enxerga que o IPCA deste ano ficará em 5% e, em 2011, em 4,6% - -ambos mais próximos do centro da meta do governo, de 4,5%.

Mercado ainda espera um aumento de 0,25 ponto

Por enquanto, segundo a pesquisa Focus, o mercado ainda enxerga que o BC fará mais uma elevação da Selic, de 0,25 ponto percentual, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no dia 1º de setembro. O movimento de alta da taxa básica começou em abril, quando ela passou de 8,75% para 9,50% ao ano, período em que a economia nacional já dava sinais de desaceleração segundo o próprio IBC-Br. Naquele mês, o indicador cresceu apenas 0,23% sobre março, bem abaixo do 1,16% visto no período anterior.

- O índice mostra que está havendo desaceleração da economia, mas ainda há sinais de pressão inflacionária, como nível de emprego - afirmou o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.