Título: Chuva de estrelas no Rio
Autor: Baima, Cesar
Fonte: O Globo, 13/08/2010, Ciência, p. 32

Trilha de destroços de cometa aumenta número de meteoros no céu

A chuva de meteoros das Perseidas, uma das mais significativas do ano, atingiu seu auge na madrugada de ontem para hoje, mas até este fim de semana ainda será possível observar no céu um número bem maior do que o normal das chamadas estrelas cadentes, preveem cientistas. Isso porque, desde o fim de julho, a Terra atravessa uma larga trilha de poeira e destroços deixada para trás pelo cometa Swift-Tuttle, que a cada 133 anos, aproximadamente, visita a região interna do Sistema Solar em sua longa órbita ao redor do Sol. Sua última passagem foi registrada em 1992 e a próxima está prevista para 2126, quando deverá passar tão perto do planeta que será visível a olho nu.

O nome da chuva de meteoros vem da constelação de Perseu, dentro da qual fica um ponto imaginário, chamado radiante, de onde os riscos no céu aparentam vir. Como Perseu é uma constelação típica do Hemisfério Norte, o show das Perseidas não é tão impressionante na parte sul da Terra. Ainda assim, o fenômeno poderá ser visto no Brasil. No Rio, nas próximas madrugadas, deve-se procurar próxima ao horizonte, na direção norte-nordeste, uma constelação na forma de um ¿W¿ (Cassiopeia). Perseu e o radiante das Perseidas estarão logo abaixo e à direita. Outra dica é procurar a constelação das Plêiades, também conhecidas como ¿As sete irmãs¿. Neste caso, Perseu e o radiante estarão abaixo e à esquerda.

¿ Perseu vai estar muito baixo no horizonte para nós, mas ainda assim vamos conseguir ver a chuva de meteoros. A primeira coisa a se fazer é procurar um lugar com uma vista livre do horizonte na sua direção, sem prédios ou montanhas ¿ indica Leandro Guedes, astrônomo da Fundação Planetário do Rio.

Segundo Guedes, é difícil prever a intensidade desses tipos de fenômenos, contada em meteoros por hora. A expectativa era de que, no seu auge na última madrugada, as Perseidas deste ano ficassem entre 60 e 100. Normalmente, num dia de céu escuro, sem Lua e afastado das luzes das cidades, vê-se em média 10 estrelas cadentes por hora. Já na mais intensa chuva de meteoros registrada em tempos modernos, os Leonídeos de 1966, esta taxa atingiu o pico de 140 mil por hora.

Mas ter a vista livre ¿ e sem nuvens ¿ não basta para melhor aproveitar o espetáculo. Também deve-se procurar um lugar afastado das cidades, ou então um com o mínimo de poluição luminosa possível. Evite ficar perto de postes de luz, refletores ou outras fontes que atrapalhem a gradual adaptação dos olhos à escuridão, que pode levar até uma hora.

¿ Mesmo aqui na cidade, porém, vai dar para ver alguns, pois em geral estas chuvas produzem meteoros mais brilhantes, que podem ser vistos com a poluição luminosa que temos. Por outro lado, não vamos ter a Lua no céu, o que pode atrapalhar muito a observação ¿ diz Guedes.

Outra dica é encontrar uma posição confortável para observar a chuva, que neste caso, por ter o radiante próximo do horizonte, deverá ser sentado ou em pé. Mais uma boa estratégia é escolher uma estrela não muito brilhante próxima do radiante e fixar seu olhar nela. Com o tempo, as demais estrelas parecerão ¿sumir¿, o que tornará mais fácil notar alterações no céu, que serão justamente os meteoros riscando a atmosfera.

De acordo com o astrônomo, para os brasileiros as chuvas de meteoros mais interessante de se ver ainda vão acontecer este ano. São elas as Orionídeas, em outubro, e a chuva dos Leonídeos, em novembro. Em ambas, porém, a taxa costuma ser bem menor que nas Perseidas, em geral de 25 a 30 por hora.