Título: Até servidores mudam muito
Autor: Oswald, Vivian
Fonte: O Globo, 15/08/2010, Economia, p. 33

Um em cada cinco funcionários públicos troca de emprego

BRASÍLIA. Diferentemente do que se poderia imaginar, funcionário público também pede as contas e muda de emprego. De acordo com o estudo do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), a taxa de rotatividade destes servidores federais, estaduais, municipais e militares é de 20,77%. Ou seja, um para cada cinco funcionários. Majoritariamente saem do conforto estatal para um emprego na iniciativa privada (14,17%). Outros 2% se aposentam.

Apenas 3% viram informais e 0,05% passam a constar como desocupados.

Ou seja: a maioria sai dos quadros estatais em uma situação melhor, e isso tem muito a ver com a qualificação. Já quem sai do emprego com carteira assinada vai principalmente para a informalidade (3,77%) ou é encaixado na categoria desocupado. Outros 4,78% se aposentam. Isso significa que os postos têm um potencial de deterioração maior do que o dos servidores públicos.

Mudanças de governo influenciam na saída de servidores Para Marcelo Neri, economista responsável pelo estudo, os números da rotatividade do funcionalismo mostram que é um mito que não exista mobilidade entre os funcionários públicos.

A mobilidade fora do mercado formal é baixa entre os funcionários públicos, mas isso não impede as pessoas de mudar, em geral para melhor. O setor público tem um conjunto de pessoas bem educadas disse Marcelo Neri, que deixou ele próprio o setor público há alguns anos e partiu para a iniciativa privada.

Além disso, segundo o especialista, governos mudam a cada quatro anos, o que leva muitos funcionários, principalmente aqueles que tinham cargos de confiança nas três esferas de governo, a mudar de emprego com os novos mandatos.

Mudanças de estado e entre órgãos também são contabilizados como rotatividade.

Segundo Neri, a mobilidade entre os funcionários públicos não mudou muito nos últimos anos, tendo se mantido num patamar muito parecido desde 1982, quando começou a série histórica da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do IBGE. (Vivian Oswald)