Título: O que fazer com o lixo? eis a questão
Autor: Duarte, Alessandra
Fonte: O Globo, 15/08/2010, O País, p. 14

Tendência é situação se agravar

O maior problema do meio ambiente urbano no país hoje é o que fazer com o lixo. A cobertura da coleta de lixo é relativamente alta: segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, dos 55,7 milhões de domicílios do país, cerca de 90% têm acesso a esse serviço (sete milhões de domicílios ainda não têm coleta). A questão é como tratar o lixo depois que ele é coletado.

A coleta seletiva de lixo, passo importante para a reciclagem, não existia em 2009 em mais de 40% das cidades. No Norte, 56% não a tinham; no Nordeste, 66%; no Centro-Oeste, a região em pior situação, o número era de 74%. O Sul vinha com 23% sem coleta seletiva, atrás do Sudeste, região com melhor indicador, com 21% sem esse tipo de coleta.

Segundo o Ipea, das cidades com menos de cem mil habitantes (mais de 90% no país), 55,5% enviam seu lixo urbano para lixões ou vazadouros, e 19,4%, para aterros controlados. O aterro ideal, o sanitário, está em 25,1%.

¿ Os problemas atuais do meio ambiente urbano são esgoto e lixo. Mas, enquanto nos últimos 15 anos a cobertura do tratamento de esgoto foi de 30% a 40% para 50%, no caso do tratamento do lixo a cobertura não teve mudança significativa, e tem índices bem abaixo dos padrões internacionais ¿ diz Ronaldo Seroa da Motta, responsável por estudos ambientais do Ipea. ¿ A tendência é a situação se agravar com o aumento da renda do brasileiro. Para cada 1% de aumento na renda de uma família, gera-se até 1,3% a mais de resíduos sólidos.