Título: Jovens apresentam maior perda auditiva
Autor: Marinho, Antônio
Fonte: O Globo, 18/08/2010, Ciência, p. 38

Número de adolescentes afetados cresceu drasticamente em 15 anos

A estudante Raquel Ramos, de 19 anos, sai de casa e, ato contínuo, liga o iPod. Na academia, como não consegue ouvir a televisão, recorre novamente ao aparelho. A ¿surdez¿ também se manifesta na escola.

¿ Às vezes desisto de acompanhar uma conversa porque não estou escutando os outros ¿ conta. ¿ Minha professora acha que eu não presto atenção. Na verdade, nem sempre eu consigo ouvi-la.

Raquel não é uma exceção. Nos EUA, segundo pesquisa divulgada hoje na revista da Associação Americana de Medicina, um em cada cinco adolescentes de 12 a 19 anos já apresenta perda auditiva. É um índice 30% superior ao constatado em outro levantamento, realizado entre 1988 e 1994. Pudera: o tempo de exposição a aparelhos eletrônicos mais do que dobrou. Por isso eles são apontados como os culpados.

¿ É só ver por aí como a exposição prolongada ao som alto é perigosa à audição ¿ explica o autor da pesquisa, Gary Curhan. ¿ Mas isso não significa que os jovens não possam ouvir os MP3 players.

O uso é permitido, desde que com moderação. A exposição segura para o ouvido humano é de ruídos com, no máximo, 80 decibéis. A partir disso, a tolerância ao ruído diminui significativamente.

¿ Já constatamos que o adolescente ouve música a até 105 decibéis. Para efeito de comparação, uma britadeira promove ruídos de 120 decibéis ¿ ressalta Jair de Castro, chefe do Serviço de Otorrinolaringologia da Santa Casa de Misericórdia. ¿ Se este abuso se tornar rotina, em até cinco anos o jovem apresenta uma perda auditiva que atrapalhará sua convivência social.

Segundo o otorrinolaringologista Jorge Barbosa Leite, os apreciadores da música alta podem ter dificuldade para perceber sons agudos:

¿ Eles não distinguem alguns fonemas e terão problemas para aprender um novo idioma, por exemplo. A sensação de zumbido ou de abafamento da audição são sinais de alerta que não devem ser ignorados.