Título: Oposição diz que Piñera sabia de Latam
Autor: Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 18/08/2010, Economia, p. 32

Presidente chileno teria demorado a vender ações por causa de fusão

SANTIAGO, Chile, e BRASÍLIA. Membros da Concertación, bloco de oposição ao governo do Chile, acreditam que o presidente Sebastián Piñera demorou a vender suas ações na LAN porque sabia das discussões sobre a fusão com a TAM, afirmou na segunda-feira a mídia local. Os rumores surgiram porque o nome do site da nova empresa, Latam, foi registrado em 17 de fevereiro, quando Piñera ainda controlava a aérea. Segundo o vice-presidente do Partido pela Democracia (PPD), Guido Girardi, Piñera teria participado das discussões sobre a fusão.

O senador socialista Juan Pablo Letelier disse que o conhecimento da fusão explica a resistência de Piñera em se desfazer de suas ações, porque as negociações começaram muito antes da venda dos papéis do presidente, no fim de fevereiro.

O presidente do partido Democracia Cristiana, Juan Carlos Latorre, disse que é evidente que para alguns a fusão - anunciada na sexta-feira - não foi uma surpresa. Segundo ele, Piñera sabia dessa informação quando dono majoritário da aérea.

Executivos da TAM se reúnem com Defesa e Anac

Os principais executivos da TAM informaram ontem ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, e à diretora-geral da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, que entregarão em setembro ao órgão regulador a documentação referente à união com a LAN. A estimativa é que o processo seja concluído em junho de 2011 - prazo para que as autoridades, incluindo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), aprovem o negócio.

Foi a primeira reunião com o governo para anunciar oficialmente o negócio. Ao deixar o Ministério da Defesa, o presidente da TAM S.A., Marco Antonio Bologna, disse estar confiante de que as autoridades aprovarão a operação. Também participou o presidente da TAM Linhas Aéreas, Líbano Barroso.

Barroso afirmou que, caso seja aprovado pelo Congresso o aumento de participação estrangeira nas aéreas brasileiras de 20% para 49%, é provável que o contrato para a composição acionária da TAM seja revisto - brasileiros ficaram com 80% da TAM e a LAN, com 20%.

Apesar do otimismo, o governo tem adotado tom cauteloso. A assessoria de imprensa da Defesa informou que o ministro não vai se manifestar antes de receber a documentação.

A mesma informação é dada pela assessoria da Anac. Segundo interlocutores, a diretoria do órgão entende que a operação pode caracterizar um controle indireto da chilena sobre a brasileira, o que contraria o Código Brasileiro de Aeronáutica. Embora a TAM continue com 80% do capital votante, estará subordinada à holding estrangeira Latam - onde terá participação de 13,5%, contra 24% da chilena.

(*) Com agências internacionais