Título: Aumenta risco de dengue 4
Autor: Alencastro, Catarina; Dutra, Marcelo
Fonte: O Globo, 20/08/2010, Ciência, p. 40

Roraima tem mais casos suspeitos e Rio adota medidas de prevenção da doença

Oito novos casos suspeitos de dengue tipo 4 foram identificados na capital de Roraima, Boa Vista. Eles ainda precisam ser confirmados com exame de contraprova, mas acusaram positivamente. Na semana passada, três casos foram confirmados e um quarto também aguardava contraprova. Se todos se revelarem positivos, serão 12, todos em Roraima.

A informação é do Ministério da Saúde, que reforçou na semana passada as ações de controle da dengue, após a confirmação dos primeiros casos do tipo 4, que não era registrado no Brasil há 28 anos. O temor das autoridades sanitárias é de que uma epidemia se alastre pelo país rapidamente, uma vez que a população é vulnerável ao sorotipo.

Nesse esforço concentrado, a Secretaria de Saúde de Roraima recolheu 30 amostras de sangue de pessoas que apresentaram sintomas de dengue nos três bairros onde a doença surgiu. Agora, o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde de Roraima e de Boa Vista vão ampliar as ações de prevenção contra a dispersão do vírus na capital, abrangendo dois bairros que não contavam com o reforço: Caimbé e Caranã. Das oito amostras com resultado positivo para dengue 4, três foram registradas nesses locais. Até amanhã o governo espera visitar todas as residências nessas áreas.

Outros dois casos suspeitos são pacientes que moram em Cantá e Normandia, municípios vizinhos a Boa Vista. Segundo o ministério, agentes de saúde estão investigando essas ocorrências para saber se a infecção ocorreu na capital e também para orientar as autoridades locais sobre as medidas de prevenção necessárias. O governo informou que todos os pacientes manifestaram sintomas de dengue clássica - febre, dor nas articulações, dor de cabeça e nos olhos, prostração e vermelhidão no corpo - e se curaram sem necessidade de internação hospitalar.

Não há casos do sorotipo no Rio

O ministério trabalha com a tese de que, embora o número de casos tenha aumentado, o que ocorre em Boa Vista é um episódio isolado, e não o início de uma epidemia nacional. Desde que a presença da dengue 4 foi identificada, foi montada na capital uma sala de situação para controlar o problema. Agentes comunitários de saúde já visitaram cerca de 10 mil casas e eliminaram mais de 18 mil criadouros de Aedes aegypti, segundo o ministério. Os agentes também têm aplicado larvicidas e fumacê. O esforço concentrado também inclui limpeza urbana, já que o mosquito gosta de proliferar no lixo em locais onde há água parada.

Na cidade do Rio de Janeiro, até o momento, foram notificados 1.534 casos de dengue contra 2.575 no mesmo período do ano passado. Nenhum deles de dengue tipo 4. O setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil informou ontem que continua acompanhando a evolução e o estudo de todos os casos de dengue notificados, com o objetivo de identificar o mais rápido possível o tipo e a origem dos casos.

Mas, segundo a vigilância, o trabalho preventivo de combate à doença prossegue na cidade. "Além das ações de rotina, que são feitas ao longo de todo o ano, eliminando focos e detectando locais de risco; ações específicas estão no planejamento", informou a secretaria em nota. O mapeamento de imóveis que possam oferecer risco à população é uma delas. Agentes da vigilância estão autorizados a entrar em imóveis fechados para realizar vistorias. A Secretaria Estadual não divulgou sua estratégia.

Criadouros de mosquito destruídos

Para o próximo mês, estão previstos ainda mutirões em áreas estratégicas para remoção de lixo e eliminação de locais propícios à proliferação de focos do mosquito transmissor da dengue. Nos mutirões já realizados neste ano, foram recolhidas 120 toneladas de lixo e destruídos 28 mil possíveis criadouros.