Título: Dilma cobra da Caixa dados sobre casas
Autor: Lima, Maria; Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 20/08/2010, O País, p. 14

Para candidata petista, instituição não deveria ter vergonha em explicar motivos do atraso na entrega de construções

DILMA APÓS a reunião na CNBB: tentativa de aproximação com a Igreja depois de críticas de bispo

Maria Lima, Catarina Alencastro e Gerson Camarotti

BRASÍLIA. A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, voltou a cobrar uma postura mais clara da Caixa Econômica Federal na divulgação e explicação dos números sobre o programa ¿Minha Casa, Minha Vida¿. Perguntada sobre dados oficiais da Caixa Econômica Federal ¿ que indicam que apenas 0,9% da meta de entrega de casas foi alcançado até agora, para famílias com renda de até três salários mínimos ¿ a petista disse que a instituição não precisa se envergonhar de mostrar isso, porque as dificuldades são grandes.

¿ A Caixa não devia ficar com vergonha de dizer que entregou menos casas. Tinha que explicar que não pode ser diferente. Devia explicar de uma forma tranquila para as pessoas, para os jornalistas, não esconder o número ¿ criticou Dilma. ¿ Não são muitas entregas. Mas seria um milagre se fossem muitas, devido à dificuldade.

A presidenciável ressaltou ainda que todos os números devem ser olhados com isenção:

¿ Esse é um dado completamente distorcido que aparece sempre em época eleitoral! ¿ reagiu, perguntada sobre a entrega de apenas 500 casas.

Em encontro, bispo defendeu proteção à vida

Segundo a Caixa, o programa já beneficiou 3.588 famílias com renda de até três mínimos, dentro da meta de 400 mil casas.

Dilma afirmou que existem dificuldades devido a problemas de cartório, terreno, e dos municípios, para enviar os projetos. E conta que, quando se reuniu em 2009 com representantes do setor de construção, eles disseram que só seria possível construir 200 mil residências, mas ela e Lula queriam a meta de 1 milhão até 2010. Ela não vê problemas em continuar falando em 1 milhão de casas até o final de 2010, e 2 milhões até 2014, para todas as faixas de rendas.

Ainda ontem, a candidata deu o primeiro passo para tentar desfazer o mal-estar com a Igreja Católica, em função de suas posições sobre aborto e casamento gay, com uma reunião na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Apesar de negar que as questões tivessem sido tratadas, Dilma teve de ouvir o presidente da entidade, dom Geraldo Lyrio Rocha, defender a proteção da vida desde a concepção. A aproximação foi articulada depois que o bispo de Guarulhos (SP), dom Luiz Gonzaga Bergonzini, publicou uma carta com críticas à petista.

oglobo.com.br/pais/eleicoes2010