Título: Uma pandemia anunciada
Autor: Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 21/08/2010, O País, p. 14

SÃO PAULO. O Brasil vive uma pandemia de crack, avalia o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele tem estudos como o acompanhamento, por 12 anos, de 130 usuários da droga:

¿ Não há a menor dúvida de que o crack torna a sociedade mais violenta. A epidemia do crack começou em São Paulo, entre 1993 e 94, mas hoje já é considerada uma pandemia. O número de usuários cresceu tanto, que virou um problema de saúde pública.

Segundo Laranjeira, um terço dos usuários da droga morre nos primeiros cinco anos da dependência; outro terço continua usando o crack por dez, 12 anos, mas consegue deixá-lo:

¿ O grande crime do governo foi não investir para combater uma pandemia anunciada.

Laranjeira defende a prevenção nas escolas e para jovens que deixaram de estudar; e a internação, inclusive a involuntária ¿ para a qual não há vagas no sistema público de saúde.

O sociólogo Luis Flávio Sapori, da PUC-MG, lança na próxima semana estudo inédito sobre a influência do consumo e do tráfico do crack sobre a segurança e a saúde públicas:

¿ Onde ele está presente, a violência cresce com homicídios e roubos. O tráfico de crack é mais violento do que o das demais drogas e gera maior endividamento dos usuários, porque o consumo é maior.