Título: Vitória apenas quando houver paz
Autor: Damasceno, Natanael
Fonte: O Globo, 24/08/2010, O País, p. 14

Em entrevista ao RJ-TV, Cabral volta a defender sua política de segurança ao falar do tiroteio em São Conrado

Na primeira agenda de campanha após a cirurgia de menisco, ocorrida na semana passada, o governador Sérgio Cabral, candidato à reeleição pelo PMDB, voltou a defender os resultados de sua política de segurança pública.

Em entrevista ao RJ-TV, da Rede Globo, ele disse que, apesar do tiroteio entre traficantes e policiais, no último fim de semana em São Conrado, sua gestão conseguiu avançar no combate à violência na região.

Concordo que houve, eu não diria nem vitória, mas avanços.

Mas a vitória só será consagrada quando nós tivermos paz na Rocinha, paz no Vidigal, paz no Complexo do Alemão, paz no Complexo de Manguinhos, paz no Complexo da Maré, paz nas comunidades do Grande Rio onde há poder paralelo disse Cabral, depois de prometer, mais uma vez, levar as UPPs a todas as favelas que estão sob o controle do tráfico.

Questionado sobre a eficácia de sua política para o setor, ele disse que o estado tem hoje os menores índices de violência dos últimos 20 anos.

Cabral afirmou ainda que acabou com problemas históricos da polícia: Basta ver o filme Tropa de elite (do cineasta José Padilha) que você compreende o que era a política de segurança no Rio de Janeiro. Aquela cena do político negociando com o comando do batalhão, ela acabou. Aquela cena do carro da PM caindo aos pedaços e o comandante tendo que pedir favor ao comerciante, acabou. Do Capitão Nascimento retornando pra casa cada vez mais neurótico e tenso porque não via solução... hoje tem solução.

Sobre as suspeitas de superfaturamento na compra de remédios, Cabral disse que ainda não tem resposta pois o caso é investigado por uma sindicância. O problema o gasto de R$ 81 milhões na compra de medicamentos e material de hospitais sem licitação veio à tona pouco antes do início da campanha e hoje é investigado pelo Ministério Público. Cabral negou que tivesse se calado sobre o caso e defendeu o trabalho do secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, afirmando que sua gestão instituiu a compra de medicamentos por pregão eletrônico.

Sobre educação, Cabral voltou a atribuir os péssimos resultados da rede estadual no Ideb e no Enem aos antecessores.

Ele disse que a responsabilidade pelo problema é de 30 anos de abandono no setor. Ele afirmou que deu reajuste aos professores após 12 anos de salários estagnados, contratou professores e comprou laptops e investiu na infraestrutura das escolas, reformando Cieps e climatizando as salas de aula.

Mas não comentou o piso salarial dos professores, considerado pelo sindicato da categoria como insuficiente.