Título: Estado custou a aderir ao Saúde da Família
Autor: Marqueiro, Paulo
Fonte: O Globo, 25/08/2010, O País, p. 16

Programa cobre só 32% da população

Ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Buss diz que o Rio de Janeiro foi o estado que mais tardiamente aderiu ao Programa Saúde da Família (PSF), que dá ênfase à atenção primária. Segundo dados do Ministério da Saúde, apenas 32% da população do Estado do Rio são cobertos pelo Saúde da Família, terceiro percentual mais baixo do país (só fica atrás do Distrito Federal, com 12%, e de São Paulo, 27,5%). Paulo Buss diz que o Rio não precisa construir hospitais, mas reorganizar o sistema:

¿ O que tem de alterar é o modelo. Hoje, os postos de saúde não são nada. Se você precisar de um exame, não vai ter. Eles funcionam que nem aquele pinball: bate aqui, manda lá. É preciso criar um modelo profissional, em que o posto seja capaz de solucionar 90% dos casos.

Para o pesquisador da Fiocruz Francisco Viacava, é possível que a falta de investimentos na rede de atenção primária ou sua baixa efetividade sejam o principal motivo para explicar essa peregrinação em busca de assistência, e que a situação seja diferente nas grandes cidades que investiram no Saúde da Família. No entanto, diz ele, não há dados disponíveis que comprovem isso.

¿ O fato é que algumas filas nunca deixarão de existir, mas as pessoas poderiam aguardar tranquilamente em suas casas se o investimento em gestão dos serviços tivesse sido feito. De qualquer forma, é inadmissível que numa cidade como o Rio as pessoas procurem hospitais para tratar de problemas que poderiam ter sido evitados, ou pelo menos remediados, nas unidades de atenção básica.