Título: IBGE: 49% dos brasileiros estão acima do peso
Autor: Galdo, Rafael
Fonte: O Globo, 28/08/2010, O País, p. 20

Quase 15% daqueles acima de 20 anos são obesos. Entre crianças, uma em cada 3 sofre com sobrepeso

O brasileiro está engordando em ritmo acelerado. Quase a metade da população com 20 anos ou mais (49%) tem excesso de peso e 14,8% dela estão obesos.

A conclusão foi da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, divulgada ontem pelo IBGE, revelando que o sobrepeso também já atinge uma em cada três (33,5%) crianças de 5 a 9 anos, enquanto a obesidade afeta 14,3% delas. Um quadro que, segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, acende a luz vermelha e pode levar o país a ter, em dez anos, dois terços de sua população acima do peso, em níveis como dos Estados Unidos.

De acordo com o levantamento, o sobrepeso é frequente em todas as regiões, faixas etárias e de renda. Nas últimas décadas, porém, os homens engordaram mais. Em 1974-1975, eram 28,7% das mulheres acima do peso, contra 18,5% dos homens. Em 2002-2003, o sobrepeso já era mais comum entre a população masculina (41,4% contra 40,9% delas). E cinco anos depois, eles abriram vantagem, com pouco mais da metade (50,1%) com excesso de peso, frente a 48% da população do sexo feminino. Já a obesidade é mais comum entre as mulheres (16,9%, contra 12,4% entre os homens).

Com 1,64m e 72 quilos, o carioca Antônio Lorival, morador de Copacabana, luta contra a balança para perder cinco quilos.

E diz que uma melhor saúde o motiva a caminhar pela orla do bairro quase diariamente. O psicólogo Márcio Ribeiro, de 33 anos, 1,70m e 77 quilos, também tenta emagrecer, considerandose acima do peso. Ele conta que corre e pedala pelo menos duas horas por dia, para compensar uma rotina de trabalho sem muito movimento: Nos tempos vagos, faço atividade física. Mas, na alimentação, até evito bebida alcoólica e gordura, só que não faço nenhuma dieta especial.

Foi entre as crianças de 5 a 9 anos, porém, que os números saltaram mais rapidamente, segundo o IBGE. Entre os meninos, o excesso de peso mais que dobrou em duas décadas, passando de 15% em 1989 para 34,8% em 2008-2009. Já a obesidade cresceu mais de quatro vezes, de 4,1% para 16,6%. O comportamento foi parecido com o das meninas, cujo excesso de peso passou de 11,9% em 1989 para 32% em 2008-2009, e a obesidade foi de 2,4% para 11,8%.

No caso dos meninos, repetindo uma tendência dos homens adultos, entre os 20% mais ricos os índices são maiores. Quase a metade (46,2%) deles está acima do peso, e 23,6% (praticamente um quarto) estão obesos.

Temporão aponta mudanças na alimentação De acordo com o ministro José Gomes Temporão, no que se refere às crianças, a violência urbana nas últimas décadas as privou de espaços públicos, empurrandoas para o computador, a televisão e o videogame. Segundo o ministro, o sedentarismo também está entre os fatores responsáveis pelo sobrepeso e pela obesidade dos adultos.

Isso juntamente com mudanças de hábitos alimentares das famílias brasileiras, apontadas por Temporão como uma das principais transformações do país do ponto de vista do que faz o brasileiro adoecer: Estamos numa situação de absoluto alerta vermelho. Excesso de peso, obesidade e falta de atividade física projetam hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer disse. O Brasil tem que qualificar, aperfeiçoar e trabalhar de maneira mais radical políticas de governo que envolvam a sociedade no enfrentamento deste que é um problema grave de saúde pública.

Citando dados da própria POF, Temporão disse ainda que cada vez mais os brasileiros comem fora de casa e substituem alimentos como o feijão por salgados e comidas de preparo rápido. Por outro lado, ele destacou projetos que ajudam a inibir o sobrepeso, como o Programa Saúde da Família e o Programa Nacional de Aleitamento Materno, neste caso principalmente no combate à obesidade infantil.

Além disso, afirmou ele, o país tenta reduzir a oferta de alimentos calóricos, como refrigerantes e salgados, na merenda escolar. E está regulando a propaganda de produtos com excesso de açúcar, sal e gorduras trans e saturada.