Título: Preço do barril não é vantajoso para minoritário da Petrobras, diz analista
Autor: Carneoiro, Lucianne; Villas Bôas, Bruno
Fonte: O Globo, 02/09/2010, Economia, p. 24

INJEÇÃO ESTATAL: Expectativa de definição do custo fez ações subirem

Valor estabelecido poderá elevar a participação do governo na estatal

O valor de US$8,51 (R$14,96) pelo preço médio do barril no contrato de cessão onerosa da União à Petrobras veio um pouco acima do que analistas consideravam vantajoso para os acionistas minoritários, o que vai exigir um aporte maior de recursos para acompanhar a operação e evitar a diluição do capital. Além disso, especialistas acreditam que os parâmetros da operação devem levar a um aumento da participação do governo na petrolífera.

Inicialmente, no entanto, analistas consideram difícil determinar qual será a diluição do minoritário. Mais detalhes da oferta devem ser divulgados apenas hoje.

O analista de petróleo e gás da SLW Corretora, Erick Scott Hood, explica que se a União pagar R$74,808 bilhões - limite que aparece no fato relevante - já significa quase 50% da oferta total de R$150 bilhões aprovada em assembleia da companhia.

Como a participação da União hoje na petrolífera é de 32%, aponta ele, este formato já significaria uma diluição da participação dos minoritários dos atuais 67,9% para 61%. Isso significaria uma diluição de cerca de 10% dos minoritários. Ou seja, quem tem R$10 mil em ações da empresa hoje teria que investir mais cerca de R$1 mil para manter sua fatia na companhia.

- Mas a Petrobras teria que oferecer ao minoritário a mesma condição do controlador. Ou seja, pode ser que a oferta seja em etapas - diz Hood.

Governo pode injetar 3 bi de barris em 1ªetapa

Segundo Paulo Hegg, analista da Um Investimentos, o governo deverá em um primeiro momento fazer a cessão onerosa de apenas 3,1 bilhões de barris de petróleo, por US$26 bilhões, para respeitar o limite de aumento de capital da companhia.

- Um volume maior, considerando que a Petrobras terá que oferecer o mesmo preço para minoritário, excederia o limite de aumento de capital. E não acredito que haveria tempo para convocar uma nova assembleia - explica o analista.

Para Hegg, o governo aproveitaria as sobras da oferta aos minoritários para adquirir mais ações da Petrobras, que seriam pagos com barris de petróleo, injetando na estatal o volume restante:

- No fim das contas, isso significa que o governo aumentaria sua fatia na companhia.

Para Mônica Araújo, analista da Ativa Corretora, o preço do barril a US$8,51 vai prejudicar os investidores minoritários, que precisarão desembolsar um valor maior para não serem diluídos na companhia.

- O valor ficou abaixo dos US$10 que o governo vinha comentando, mas ficou bem acima do que inicialmente se discutia no mercado. Precisamos agora aguardar mais detalhes de como será a oferta - afirma a analista.

Ela explica que o valor de US$8,51 é inicial e pode ser revisto nos próximos meses, quando mais informações forem divulgadas sobre os campos. Mas que esse será o preço que valerá para a oferta.

Ontem, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras subiram 3,72% e as ordinárias (ON, com voto), 5,61% sob a expectativa da definição do preço do barril.