Título: 'É nacionalização branca'
Autor: Ribeiro, Fabiana; Carneiro, Lucianne
Fonte: O Globo, 02/09/2010, Economia, p. 26

PALAVRA DE ESPECIALISTA

Heller Redo Barroso - Advogado, especialista em petróleo Edmar Almeida - Professor da UFRJ

O provável aumento da participação da União na Petrobras será ruim não apenas para a própria estatal, como para o Brasil. Esta é a opinião do advogado especializado em petróleo e gás Heller Redo Barroso, ao afirmar que, se isso ocorrer, será uma reestatização da companhia.

- Isso será muito ruim para o Brasil e para a própria Petrobras, que obtiveram o grau de investimento (chancela internacional que indica investimento seguro). É uma nacionalização branca - destacou Heller Barroso.

Para Barroso, quanto mais estatal a Petrobras for, será mais fechada, menos transparente para o mercado e com menor ingerência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Para o professor do Grupo de Economia de Energia da UFRJ Edmar Luiz Fagundes Almeida, o aumento da participação da União no capital da Petrobras não vai alterar a ingerência do governo na companhia, que hoje já é grande.

- Isso não muda em nada, porque o governo já tem o controle total sobre a Petrobras. E isso é uma bandeira política deste governo - destacou Almeida.

Para o professor, o que é importante é o valor do barril de petróleo que será usado na cessão onerosa que o governo fará à Petrobras. No fim da noite de ontem, esse preço foi fixado em média em US$8,51. Para Almeida, é fundamental que os minoritários participem da capitalização.

- O que preocupa é que os minoritários têm que participar da capitalização para entrar com recursos e com isso a Petrobras conseguir executar seus programas de investimentos, que são muito pesados.

Almeida lembra que o governo brasileiro, diferentemente do que ocorre em países vizinhos na América Latina, apesar da ingerência política na Petrobras, sempre preservou a saúde financeira da empresa. Ele acredita que o governo continuará fazendo isso, mesmo com maior participação no seu capital.

O advogado Heller Barroso destacou, ainda, que a capitalização pode ser questionada na Justiça, porque se baseia em reservas não comprovadas, a preços mal avaliados.