Título: PIB: projeções de alta menor que 1%
Autor: Spitz, Clarice; Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 02/09/2010, Economia, p. 27

Freio no segundo trimestre não deve se repetir nos próximos resultados

Com mais ou menos força, na projeção dos analistas, a economia pôs o pé no freio no segundo trimestre. Após alta recorde de 2,7% no primeiro trimestre contra o fim de 2009, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) deve crescer entre 0,4% e 0,9% frente ao início do ano, nas contas dos economistas ouvidos pelo GLOBO. O IBGE divulga os números amanhã. Analistas acreditam que frente a 2009, a alta está entre 7% e 8,4%. No primeiro trimestre, a taxa fora de 9%.

E a culpa é da indústria. Depois de aumentar sua produção em 4,2% no primeiro trimestre, que representou alta anualizada de 17%, o setor deve ter ficado parado de abril a junho. As projeções estão entre 0% e 0,1% para a indústria no PIB. O desempenho do início do ano, puxado pelo corte ou redução nos impostos de produtos como carros e eletrodomésticos concentrou as vendas naquele período. No segundo trimestre, sem os estímulos, a indústria acumulou estoque, dizem os analistas.

- Toda a desaceleração que provocou a mudança no cenário de juros (o Banco Central manteve ontem a Taxa Selic em 10,75% ao ano, após subir os juros por três vezes seguidas) foi puxado pela indústria - afirmou Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset.

O investimento ainda virá forte no segundo trimestre

O economista-sênior do HSBC, Constantin Jancso, chama a atenção para o desempenho dos investimentos:

- É um resultado que impressiona já que, no Brasil, o investimento está crescendo forte. O desempenho muito bom do mercado de trabalho, o aumento do emprego e do consumo têm papel importante no crescimento do PIB e isso deve continuar.

Frente a 2009, o investimento deve ter crescido entre 26% e 30%. Taxa superior à de abril a junho de 2009, de 26%.

Essa desaceleração mais forte ficou para trás. Os números do terceiro trimestre mostram taxas positivas, como o da produção industrial que voltou a crescer em julho depois de três meses de queda. A produção de veículos também aumentou Nos próximos trimestre, economistas estão prevendo alta acima de 1% nos próximos trimestres.

- As perspectivas são positivas no mercado de trabalho, na inadimplência, no crédito, no ganho de renda. É um momento bom para o consumidor e sem pressões inflacionárias. O consumo é suprido pelas importações, diante do aumento da oferta global de produtos. E boa parte das importações é de máquinas e equipamentos, o que aumenta a capacidade produtiva do país - diz Maia.