Título: PT entra com três ações contra Serra e PSDB
Autor: Barreto, Clarissa; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 03/09/2010, O País, p. 10
Para petistas, houve calúnia e injúria
BRASÍLIA. Um dia após o PSDB entrar com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, seja declarada inelegível - e que foi negada ontem -, o PT deu o troco e protocolou três ações na Justiça contra os tucanos. As ações são uma resposta às acusações tucanas, de que o PT e Dilma estão por trás da quebra do sigilo de pessoas ligadas ao PSDB e ao seu candidato a presidente, José Serra.
A principal ação do PT protocolada no TSE prevê pena de dois meses a um ano de prisão para o próprio Serra, caso seja considerada procedente. Segundo o secretário-geral do PT e coordenador da campanha petista, deputado José Eduardo Cardozo, a ação é fundamentada no fato de o tucano ter ferido o Código Eleitoral, quando imputou a Dilma fato que "sabia que não era crime", apenas para exploração eleitoral.
A estratégia da campanha de Dilma, de entrar com representações, tem o objetivo de neutralizar a iniciativa tucana de politizar o episódio. Ontem, um integrante da campanha petista ressaltou que, em período eleitoral, a população fica vacinada com denúncias e acusações dos candidatos - como a de que Dilma estaria por trás da violação do sigilo fiscal.
A segunda ação do PT, também contra Serra, é por por crime contra a honra. Essa tramitará no Ministério Público Federal e na Justiça Federal. O PT acusa Serra de calúnia, injúria e difamação. A terceira é uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também por crime contra a honra. Guerra, que também é o coordenador da campanha de Serra, dispõe de foro privilegiado, por ser senador.
- Estamos entrando com ações na Justiça porque eles (os tucanos) querem imputar uma prática a nossa candidata de um crime, sabendo que não foi ela quem fez, com o único objetivo de atingi-la eleitoralmente. Isso é uma fase que nós chamamos de apelação, de tentar ganhar no tapetão. Eleição se decide no voto, a partir das propostas. Ganhar no tapetão, na tentativa de se imputar fatos não verdadeiros a adversários. Acho que já passou essa época no Brasil - afirmou Cardozo, acrescentando que a oposição estaria desesperada.
Cardozo voltou a negar que o PT e a campanha de Dilma tenham qualquer relação com a quebra de sigilo de Verônica Serra, filha de Serra, e de pessoas ligadas ao candidato tucano. Ele ressaltou ainda que foi o PT que pediu apuração na Polícia Federal.
- Não tem nada a ver esse fato com a candidatura de Dilma Rousseff. Esses fatos ocorreram em setembro do ano passado, muito antes de termos campanha. Nós achamos absurdo que, mais uma vez, sem qualquer prova, a oposição faça conjecturas absolutamente infundadas - ressaltou Cardozo.