Título: Lula defendeu data original
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 03/09/2010, Economia, p. 25

Prazo foi definido após "prensa" do presidente

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi o fiador da manutenção do prazo original de 30 de setembro para a capitalização da Petrobras. Coube ao presidente decidir, na manhã de quarta-feira, que os detalhes técnicos teriam de ser resolvidos ainda naquele dia, para que os termos do contrato de cessão onerosa fossem, enfim, divulgados, após semanas de discussões. Segundo um dos técnicos envolvidos na negociação, impasses em relação a poucos itens - mais de 95% do contrato estavam prontos -, como os preços definitivos dos barris a serem usados na capitalização, colocava em risco a decisão anteontem.

A capitalização, portanto, poderia acabar sendo postergada. Lula defendia a manutenção a data original, três dias antes das eleições presidenciais. Mas havia pressão de áreas do governo para que o prazo fosse estendido para outubro. O martelo foi batido em reunião no Palácio do Planalto, com os ministros da Fazenda (Guido Mantega), de Minas e Energia (Márcio Zimmermann) e da Casa Civil (Erenice Guerra) e o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. No encontro, que durou cerca de uma hora, Lula "deu a prensa", segundo um interlocutor, exigindo que tudo fosse resolvido naquele dia. O presidente foi informado de que existiam condições técnicas para manter os prazos e não quis mais protelar a discussão.

Pressionados, assessores dos três ministérios passaram o fim da manhã e a tarde de quarta revisando os números. A discussão estava em torno das variações dos preços do barril nos sete campos colocados em discussão. Os valores das certificadoras contratadas pela Petrobras e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) apresentavam valores divergentes caso a caso. A discussão era tentar fechar a melhor equação, o que só ocorreu no fim da tarde, quando os técnicos apresentaram os números definitivos.