Título: Fornecedores consideram baixa a exigência de conteúdo nacional
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 03/09/2010, Economia, p. 25
Mas setor comemora definição sobre capitalização. Projetos estavam atrasados
Entidades de classe e especialistas na cadeia de petróleo e gás comemoraram as primeiras definições sobre a capitalização da Petrobras, porque permitirá acelerar projetos da companhia que estão atrasados. Além disso, acreditam que o plano de investimentos da petrolífera será concretizado. Mas a avaliação da indústria é que a taxa de conteúdo nacional prevista (37% na fase inicial) no contrato de cessão onerosa é baixa e não permitirá uma ampla participação das empresas brasileiras.
- O aumento de capital permitirá que os projetos que estão represados comecem a andar. Nossa percepção é que havia um atrelamento direto entre o atraso desses projetos e o da capitalização - afirmou o presidente da Câmara Setorial de Equipamentos Navais e de Offshore da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Cesar Prata.
Segundo o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) Raul Sanson, muitos fornecedores da Petrobras, não apenas do Rio, mas também de São Paulo, têm reclamado de atraso nos pedidos da empresa.
- Em alguns casos, as companhias ganharam concorrências, mas a Petrobras está com atraso na colocação dos pedidos - disse Sanson.
Só aço e mão-de-obra já chegam ao índice de 37%
Na avaliação do advogado e consultor na área de petróleo e gás Heller Redo Barroso, a definição da operação da Petrobras é uma sinalização para os fornecedores da companhia de que haverá capital para o plano de investimentos e ajuda a acelerar os projetos de expansão.
- A decisão é fundamental para a cadeia produtiva de óleo e gás, já que os fornecedores poderão ter a certeza de que os investimentos serão realizados e, com isso, se organizar melhor - destacou o gestor dos fundos de investimentos de óleo e gás da Plural Capital, Humberto Tupinambá.
Apesar do alívio com o avanço da capitalização, empresários criticaram as exigências mínimas de conteúdo local previstos no contrato de cessão onerosa da União à Petrobras.
Na fase inicial do processo, será exigido um nível de conteúdo local mínimo de 37%. Na etapa de exploração, a taxa mínima será de 55% e o índice médio está previsto em 65%.
- Esses índices são muito baixos porque se referem ao total do empreendimento. O (índice) de 37% mal cobre a mão-de-obra e o aço usado nos projetos - disse Prata, da Abimaq, que defende uma taxa mínima de conteúdo nacional de 80% para os navios e de 65% para os equipamentos offshore.
Uma das preocupações do empresário é com os financiamentos fechados pela Petrobras com a China, que estão condicionados à compra de bens e serviços de empresas chinesas.