Título: Entre 18 países que já divulgaram PIB no trimestre, Brasil fica em 6º lugar
Autor: Gomes, Wagner
Fonte: O Globo, 04/09/2010, Economia, p. 24
Frente aos demais Brics, crescimento brasileiro só perde para o da China
SÃO PAULO. O Brasil aparece em sexto lugar num ranking de 18 países que já divulgaram o resultado do PIB no segundo trimestre deste ano. A lista é liderada pelo Chile (alta de 4,3%, na comparação com o primeiro trimestre), variação atribuída pelos analistas aos esforços de reconstrução do país depois do terremoto no começo do ano. Também à frente do Brasil vêm México (3,2%), Finlândia (3,1%), Alemanha (2,2%) e Coreia do Sul (1,5%).
Entre os Brics - grupo de economias emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China -, somente o Brasil divulgou o seu resultado com ajuste sazonal. Nesse caso, só é possível comparar o segundo trimestre deste ano com o mesmo período de 2009. A China vem em primeiro, com variação de 10,3%, seguida por Brasil (8,9%), Índia (8,8%) e Rússia (5,2%).
O Brasil ainda deve fechar 2010 como a oitava maior economia do mundo, mas a diferença que o separa de França (5ª maior), Reino Unido (6ª) e Itália (7ª) deve diminuir substancialmente, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). O PIB estimado para o Brasil é de US$1,910 trilhão em 2010 (contra US$1,574 trilhão em 2009), logo atrás da Itália (US$2,121 trilhões). Para 2011, a estimativa é de US$2,035 trilhões para o Brasil e de US$2,159 trilhões para a Itália. Ainda por essa comparação, a diferença que separa o país da França cai de US$1,101 trilhão, em 2009, para US$688,4 bilhões em 2011.
- Além da valorização do real em relação ao dólar, o Brasil apresenta crescimento real da economia - disse Luís Afonso Lima, presidente da Sobeet.
Bernardo Wjuniski, da Tendências Consultoria, disse que o Brasil pode se tornar um país desenvolvido se o PIB continuar crescendo nessa proporção:
- O Brasil cresce mais rápido, e a diferença de PIB tende a diminuir em relação a outros países. Se o país conseguir crescer mais que os outros por vários trimestres, sem dúvida nenhuma avançará rapidamente no ranking.
Analistas veem alta de juros e falha na infraestrutura
Para Wjuniski, no entanto, a desaceleração abaixo do previsto da economia brasileira no segundo trimestre deste ano poderá levar o Banco Central (BC) a subir novamente a taxa básica de juros no ano que vem. Ele disse que o ideal é crescer com a inflação equilibrada.
- O PIB forte corrobora a ideia de que a atividade econômica está aquecida. A indústria desacelerou menos do que se esperava, do ponto de vista da atividade, e isso é bom, já que houve crescimento mesmo com o fim dos incentivos fiscais. Mas há preocupação com a inflação, e isso deve levar o BC a um novo ciclo de alta de juros a partir de março de 2011 - disse Wjuniski.
Roberto Padovani, estrategista de investimentos do banco WestLB, disse que a economia brasileira cresce mais do que pode, já que o país não possui infraestrutura adequada para suprir as necessidades da indústria. Para ele, há ainda falta de coordenação política no governo para sustentar o crescimento. Segundo Padovani, enquanto o BC tenta conter o crescimento da economia, subindo a taxa de juro, por exemplo, o Ministério da Fazenda empurra a economia para cima:
- A prova disso é o crescimento do gasto público, que foi destaque no PIB.