Título: Acusado por Artella de pedir dados some
Autor: Ribeiro, Marcelle; Alencastro, Catarina
Fonte: O Globo, 04/09/2010, O País, p. 9

Marina diz ser lamentável que Ademir Cabral seja filiado ao PV e defende investigação rigorosa do caso

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Apontado pelo contador Antônio Carlos Atella Ferreira como quem contratou seus serviços para buscar, com uma procuração falsa, na Receita Federal de Mauá (SP), os dados fiscais de Verônica Serra, filha de José Serra, Ademir Estevam Cabral, de 51 anos, foi descrito pela exmulher e uma colega de trabalho como alguém com pouca instrução e incapaz de falsificar uma assinatura. Na quintafeira, Ademir retirou pastas de documentos de seu escritório e saiu de casa.

Ademir morava com a excompanheira em Francisco Morato, município de moradores de baixa renda da Grande São Paulo. A ex-mulher, Aliaide Carvalho Cavalcante, disse que Ademir não completou a 8asérie do ensino fundamental e vivia pedindo dinheiro emprestado: Ele não seria capaz de falsificar a assinatura de ninguém.

Helena Barbosa, que sublocava uma sala no Centro de São Paulo para Ademir, também afirmou que ele seria incapaz de forjar uma assinatura: Ele não sabe escrever direito.

Trabalha como se fosse um office boy: pega documentos com advogados, contadores, e leva para as repartições.

A candidata do PV à Presidência, senadora Marina Silva, classificou de lamentável o suposto envolvimento de um militante do PV com o escândalo da quebra de sigilo fiscal da filha de Serra. Marina disse que seu partido investiga o caso e que, se for comprovada a participação dele, Ademir será expulso.

Segundo ela, o militante não tem atuação partidária.

Trata-se de uma pessoa periférica dentro do partido, mas mesmo assim queremos todo o rigor disse Marina.

A verde descartou qualquer interesse em acessar informações ilícitas sobre seus adversários na corrida presidencial: Nós não queremos qualquer tipo de informação ilícita.

Queremos debate, queremos transparência e respeito à democracia e às instituições.

O PV de São Paulo informou ontem por nota que Ademir havia se filiado em 2007, mas não tinha atuação partidária.