Título: Se acharem que estou caindo, esperem para ver, estou tranquila
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 09/09/2010, O País, p. 4

Dilma ironiza pedido de CPI para investigar vazamento de dados na Receita

BRASÍLIA. A tentativa do deputado Raul Jungmann (PPS-PE) de criar uma CPI da Receita Federal para investigar o vazamento de sigilos fiscais de pessoas ligadas ao PSDB e parentes do candidato tucano à Presidência, José Serra foi recebida ontem com ironia pela presidenciável petista, Dilma Rousseff, e pelo presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. Segundo Dilma, a estratégia da oposição, de esticar o assunto com uma CPI, não terá influência sobre sua performance nas pesquisas de intenção de votos, e não passa de factoide.

Sobre a quebra do sigilo do genro de Serra, Alexandre Bourgeois, Dilma disse que não há vinculação alguma com sua campanha: Eu acho que é mais um factoide (a CPI) e, se acharem que eu estou caindo nas pesquisas, esperem para ver! Estamos completamente tranquilos.

Nossa avaliação não é essa disse Dilma.

Dutra diz que vazamento é grave e deve ser investigado O presidente do PT também minimizou a iniciativa de se criar uma CPI: Qualquer parlamentar tem o direito de recolher assinaturas para fazer uma CPI, mas ele (Jungmann) deveria se preocupar mais em pedir votos em Pernambuco, porque a situação dele não está nada boa disse Dutra, em alusão ao quarto lugar ocupado por Jungmann na disputa pelo Senado, segundo as pesquisas de intenção de voto.

Dutra afirmou também que a quebra de sigilo do genro de Serra é um caso grave que deve ser investigado. Porém, negou relação do episódio com a campanha do PT: Insisto que esse é um caso de polícia. Aguardamos as investigações. É um caso grave, que deve ser investigado, mas repudiamos qualquer tentativa de vinculação com a campanha da Dilma.

A candidata petista disse ainda que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de arquivar representação contra ela, movida pelo PSDB, mostra que não há como vincular o caso com sua campanha.

Tem um salto mortal entre os vazamentos na Receita e a minha campanha. O Tribunal Superior Eleitoral já reconheceu isso disse Dilma, lembrando que, nas datas em que os sigilos foram violados, ainda não era candidata.

Ainda com a voz rouca que usou como justificativa, na véspera, para não falar sobre sigilo Dilma negou que suas respostas a Serra não surtam o mesmo efeito de umafala de Lula. E disse que o presidente da República apenas fez um pronunciamento institucional, no seu programa do horário eleitoral de anteontem, para defender o PT.

Dilma insistiu que ela mesmo responde aos ataques de Serra, e que a fala de Lula complementa os seus argumentos: Falar em baixaria eu falo também, eu falo que o candidato adversário faz factoides, baixarias e falsidades contra mim e nem por isso eu estou descendo o nível (...). Ele (Lula) falou por ele.

Ele é do meu partido, líder do meu partido.

Ele falou ontem lá pelo meu partido.

(...) Lula fez uma fala institucional muito clara, de muito boa qualidade, não baixou o nível em nenhum momento (...) Uma fala complementa a outra.