Título: Quebrado sigilo telefônico de Adeildda
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 09/09/2010, O País, p. 9

PF vai analisar com quem a servidora teve contato em outubro de 2009

BRASÍLIA. A Justiça Federal determinou a quebra do sigilo telefônico de Adeildda Ferreira dos Santos, servidora da Receita Federal acusada de invadir e emitir ilegalmente declarações fiscais de pelo menos 113 pessoas, entre elas a do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas. A partir da autorização judicial, a Polícia Federal fará uma análise das pessoas com quem Adeildda manteve contato no período próximo à quebra de sigilo de Eduardo Jorge, em 8 de outubro de 2009. A PF já está analisando a memória do computador usado por Adeildda para acessar declarações fiscais sem amparo legal.

Ao fechar o cerco sobre Adeildda a PF espera encontrar indícios sobre o mandante da quebra do sigilo fiscal de Eduardo Jorge. Para acelerar a apuração, o diretor da PF, Luiz Fernando Corrêa, destacou a estrutura da Diretoria de Inteligência para ajudar o delegado Hugo Uruguai, o que indica que a PF decidiu dar prioridade ao caso.

A Diretoria de Inteligência só tem sido acionada para atuar em casos complexos ou de grande repercussão política.

Corrêa tem dito em conversas reservadas que o caso exige uma resposta rápida, mas não sabe se isso acontecerá antes das eleições.

A polícia não pode apressar ou retardar um procedimento por conta do calendário eleitoral diz Corrêa.

A PF abriu inquérito para investigar a quebra de sigilos. Até o momento, já foram ouvidas 15 pessoas, entre elas o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que trabalhou na equipe da pré-campanha da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

A Receita já decidiu que convocará novamente os dez servidores que trabalhavam na Delegacia de Mauá (SP), em outubro de 2009, para prestar depoimento sobre a quebra do sigilo fiscal de tucanos e de Verônica Serra, filha de José Serra. O objetivo é confrontar a alegação de cada um com novas evidências obtidas no processo administrativo instaurado pela Corregedoria.

Para a Receita, as principais suspeitas recaem sobre Adeildda.

Os investigadores deverão confrontar a servidora com diversas contradições aparentes de seu primeiro depoimento, prestado em 27 de julho. A principal refere-se aos horários em que os dados cadastrais de tucanos e de Verônica foram acessados.

Adeildda afirmou que as declarações de IR foram extraídas do sistema enquanto ela almoçava.

No entanto, os dados cadastrais foram acessados durante a manhã, quando a servidora estava em horário de serviço.