Título: Milhares foram atingidos, diz Marina
Autor: Costa, Donizeti
Fonte: O Globo, 09/09/2010, O País, p. 12

Candidata do PV alerta que quebra de sigilo na Receita revela problema institucional: "Não é queixa individual"

SÃO PAULO. A candidata do PV a presidente, Marina Silva, afirmou ontem que a investigação do caso da quebra de sigilo de tucanos e de Verônica Serra, filha do candidato tucano à Presidência, José Serra, não pode parar apenas nestes nomes, porque mais pessoas foram atingidas pelo vazamento de dados. Para Marina, a denúncia mostra um problema de toda a Receita.

Independentemente das vítimas e das pessoas que estão banalizando, existe uma população que quer resposta.

Não é queixa individual, tem que ser queixa institucional.

Milhares de pessoas foram atingidas. Milhares de pessoas que não têm como se defender, como reclamar publicamente afirmou Marina, em visita à Fundação Abrinq Save the children, onde ela assinou o termo de compromisso Presidente amigo da criança, pelo qual ela se empenhará, caso seja eleita, a melhorar os índices de qualidade de vida de crianças e adolescentes.

A politização deve ser para que instituições funcionem Marina cobrou a punição dos responsáveis, mas acrescentou que a apuração do caso deve também garantir que as falhas que permitiram o vazamento de dados na Receita Federal não se repitam.

Não se pode apenas ficar politizando o fato, como forma de minimizar este acontecimento.

A politização deve ser no sentido de que as instituições funcionem, de que sejam punidos os culpados disse Marina, na manhã de ontem, antes da revelação de que o genro de José Serra, Alexandre Bourgeois, também teve dados sigilosos vazados na Receita.

Numa crítica indireta à propaganda eleitoral dos adversários Serra e Dilma Rousseff, do PT, Marina prometeu continuar usando seu tempo na TV e no rádio apenas para apresentar propostas.

(A campanha) não é para fazer pegadinha ou casca de banana, é para discutir as coisas com seriedade. Não é para resvalar para o vale-tudo.

Marina também criticou a decisão de Dilma de não ir ao debate dos presidenciáveis que estava marcado para ontem, às 23h, na TV Gazeta, em São Paulo: É um prejuízo para a democracia.

Participarei de todos os debates quando for possível. As pessoas precisam conhecer as propostas, a visão do mundo e a trajetória dos candidatos.

Na Abrinq, a candidata do PV afirmou que políticas públicas para a infância e juventude são fundamentais: O melhor investimento deve ser feito na primeira infância (até os seis anos de idade).

Se a criança não for bem acolhida, estimulada e trabalhada, isso pode se voltar contra ela. Não se deve priorizar o ensino fundamental, médio ou superior, deve-se pensar na educação integral, que combina as práticas formais e informais de aprendizagem.