Título: Yeda e Tarso espionados por sargento
Autor: Guedes, João
Fonte: O Globo, 07/09/2010, O País, p. 13

César Rodrigues violou dados de deputados e senador; acessos chegam a dez mil

PORTO ALEGRE. A governadora do Rio Grande do Sul e candidata à reeleição, Yeda Crusius (PSDB), e o candidato petista ao governo gaúcho, Tarso Genro, estão entre os políticos que tiveram seus dados pessoais espionados pelo sargento da Brigada Militar César Rodrigues, preso na última sexta-feira, acusado de extorsão a contraventores donos de máquinas de caça-níqueis.

A lista parcial de parlamentares, policiais e jornalistas que tiveram dados vasculhados irregularmente foi divulgada ontem pelo promotor de Justiça Criminal Amilcar Macedo. A relação inclui ainda o ex-deputado estadual petista Flavio Koutzii, os deputados estaduais Luis Augusto Lara (PTB) e Stela Farias (PT) e o deputado federal Luiz Carlos Busato (PTB), além do senador Sérgio Zambiasi (PTB).

Em um ano e meio, dez mil acessos

Também foram pesquisadas informações sobre o delegado de polícia Ranolfo Vieira Jr., titular do Departamento Estadual de Investigações Criminais; Adão Paiane, ex-ouvidor da Secretaria de Segurança Pública; assessores da governadora e filhos de parlamentares.

Lotado na Casa Militar do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, Rodrigues fazia uso de uma senha do Sistema de Consultas Integradas para acessar as informações. O sistema, criado em 2004, permite verificar informações como endereço, fotos e nomes de familiares, histórico policial, propriedades de carros e armas, se há processos judiciais e até mesmo investigações em andamento por parte da polícia e do Ministério Público.

Segundo Macedo, o sargento teria feito mais de dez mil acessos a dados pessoais entre janeiro de 2009 e agosto deste ano. O acusado deve ser ouvido até o final dessa semana pelo MP. O objetivo é identificar o destino dado às informações colhidas. "Por que um sargento da Brigada vai estar acessando (informações sobre) filho de deputado, para qual finalidade? Tenho certeza de que não estava sozinho. Certamente fez a mando de alguém e é isso que vamos tentar investigar", disse Macedo.

Também devem ser ouvidos dois oficiais da ativa e dois civis supostamente envolvidos no caso. O órgão tem 15 dias para oferecer denúncia.