Título: Dilma descarta se defender em programa
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 07/09/2010, O País, p. 10

"O povo é esperto e tem inteligência suficiente para saber o que é desespero daquilo que é sério"

BRASÍLIA. Confiante de que a quebra de sigilos fiscais de tucanos não deverá repercutir em sua campanha à Presidência, a candidata do PT, Dilma Rousseff, descarta, por enquanto, a possibilidade de responder em seus programas aos ataques que vem recebendo de seu adversário, o tucano José Serra. Ela voltou a afirmar que não pretende baixar o nível da campanha. Disse que a população é madura o suficiente para identificar o que é mentira e o que é verdade:

- Eu não subestimo a população brasileira. O povo é esperto e tem inteligência suficiente para saber o que é desespero, o que é o jogo eleitoral, daquilo que é sério. Sou da época em que se falava que o problema do povo brasileiro era que era incompetente para escolher seus governantes. Esse era um dos fundamentos da ditadura. Mas nós enterramos isso solenemente no Brasil há muitos anos.

A candidata petista avisou, porém, que se defenderá:

- Eu vou usar dos métodos legais para me defender. Agora, baixar o nível da campanha eleitoral, eu não o farei. Me defender, esclarecer quando necessário, não é mentir. Esclarecer não é tentar criar um clima de medo junto ao eleitor.

Para Dilma, as violações de sigilos devem ser apuradas de forma rigorosa doa a quem doer.

- Acho que precisa haver uma ação absolutamente rigorosa. Mas a gente tem de perceber que a Receita é uma instituição que presta serviço, e o fato de ter gente fazendo malfeito não significa que a Receita inteira precisa ser jogada no chão ou ser toda substituída. Mas isso não significa que a apuração não tenha de ser absolutamente rigorosa, doa a quem doer. A mim interessa que seja rápida.

Na avaliação da candidata, a oposição demonstra desespero:

- Desde o início desta campanha, e isso tem sido uma prática no Brasil nas últimas eleições, há algumas movimentações não para discutir propostas, mas que tentam difundir ameaças e medo. Como em 2002, quando se insinuava que o Brasil viraria um caos com a eleição do presidente Lula. Depois eles tiveram de engolir a língua mais de 20 vezes. Em 2006, também sistematicamente, tentaram usar o medo e o terror, com o uso de artifícios enganadores e a criação de factoides.

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, negou que exista "operação abafa" por parte do governo para dificultar a investigação da violação de dados fiscais da filha de Serra, Verônica, e de outros tucanos. Padilha acusou a oposição de usar o assunto com fins eleitorais, quando Dilma aparece muito à frente nas pesquisas:

- Não tem e nunca teve operação abafa. O governo é o mais interessado em saber quem violou, por que violou e qual era o interesse que tinha. Essa foi a determinação do presidente Lula ao ministro da Fazenda e à PF, para que apurem até o fim esse caso.

COLABOROU: Demétrio Weber