Título: Marina condena a barbárie administrativa
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 13/09/2010, O País, p. 12

Já Serra, depois de dizer que a Casa Civil virou "central de maracutaias", evita comentar

SÃO PAULO. A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, considerou muito graves as denúncias que envolvem Israel Guerra, filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, que antes de assumir o cargo foi o braço direito da então ministra e hoje candidata à Presidência pelo PT, Dilma Rousseff.

Segundo reportagem da revista Veja, Israel comandaria um esquema de lobby para atrair empresários interessados em contratos com o governo.

Um documento obtido pela revista mostra que Israel teria sido acionado por uma empresa de São Paulo para garantir um contrato com os Correios. A oposição já pediu explicações a Dilma e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o caso.

Eu não vou condenar ninguém sem provas, mas a denúncia é muito grave. Exige satisfação para a sociedade e investigação séria e imediata acrescentou Marina, logo após uma visita ao Museu do Futebol, no estádio do Pacaembu.

Candidata do PV defende rigor nas investigações Marina disse ainda que as denúncias de violação de dados sigilosos na Receita Federal deixam no ar a impressão de que pessoas ligadas ao governo fazem uso da máquina pública para proveito próprio. Marina defendeu rigor nas investigações e disse que os culpados precisam ser punidos para não haver reincidência do crime, que leva ao que chamou de barbárie administrativa, algo que não se pode admitir na gestão pública.

Marina disse também que o debate sobre as denúncias será inevitável no processo eleitoral, mas não pode ser uma estratégia dos candidatos apenas para ganhar voto. Segundo ela, a questão deve ser discutida como um compromisso para passar a gestão pública a limpo.

Marina lembrou que, na sabatina do GLOBO, semana passada, disse que o país avança em vários aspectos na questão econômica e social, mas está diante de um retrocesso político sem tamanho: Em plena campanha, no lugar de estarmos debatendo o que é necessário para o desenvolvimento do país, temos casos de quebra de sigilo dos brasileiros, temos uma situação terrível que aconteceu no estado do Amapá e, para todo o lado que se vire, estamos diante de denúncias graves que envolvem a política. Isso é retrocesso.

Para ela, o Brasil vive uma situação dramática, com denúncias por todos os lados e desrespeito aos contribuintes, que têm os seus dados expostos indevidamente.

O sigilo fiscal não pode ser violado para nenhum interesse político ou arapongagem de quem quer que seja. É preciso uma satisfação contundente para a sociedade e uma punição rigorosa afirmou.

Já o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, evitou ontem à tarde comentar as denúncias de cobrança de propinas e uso de influência da ministra Erenice Guerra e do filho dela na intermediação de contratos públicos. Serra falou que tudo o que tinha a dizer havia dito no sábado em Goiânia, quando afirmou que a Casa Civil se transformou numa central de maracutaias, um foco de problemas no país, e que as denúncias eram gravíssimas.

Para ele, não é possível que alguns candidatos achem natural esse processo de corrupção no país.

Serra ficou quase uma hora e meia no Museu Catavento, no Palácio das Indústrias, em São Paulo, acompanhado pelos candidatos do PSDB a governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao Senado, Aloysio Nunes Ferreira.

Serra passou o tempo todo com a neta Gabriela, de 3 anos, no colo.