Título: Amapá: governador fica preso até quarta
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 13/09/2010, O País, p. 12A

Advogados de Pedro Paulo Dias decidem esperar esgotar o prazo de 5 dias da prisão temporária, que pode ser prorrogada

BRASÍLIA. A defesa do governador do Amapá e candidato à reeleição no estado, Pedro Paulo Dias (PP), mudou de estratégia ontem e desistiu de pedir sua libertação.

Ele está detido desde a última sexta-feira e foi levado para a superintendência da Polícia Federal, em Brasília, em decorrência da Operação Mãos Limpas, que prendeu, ao todo, 18 pessoas acusadas de corrupção e desvio de recursos públicos que podem chegar a R$ 300 milhões das áreas de educação, saúde, assistência social, entre outras.

No sábado, a defesa de Dias havia afirmado que apresentaria pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Ontem, porém, a advogada de Dias, Patrícia Aguiar, mudou seu discurso e disse que a ideia agora é esperar esgotarem-se os cinco dias da prisão temporária decretada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), apostando que não haverá renovação do prazo, que pode ser de outros cinco dias.

O governador tem convicção da sua inocência e está certo da impossibilidade de qualquer prorrogação disse Patrícia. Queremos demonstrar que ele não está dificultando nenhum procedimento que a Justiça ache necessário.

A advogada ressalvou, porém, que o surgimento de eventuais fatos nesta segundafeira pode alterar a estratégia da defesa do governador do Amapá.

Dias está detido numa sala do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal, semelhante à que foi ocupada pelo ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, que também ficou preso na superintendência da Polícia Federal, em Brasília.

Em outra sala, está o presidente do Tribunal de Contas do Amapá, José Julio de Miranda Coelho, também detido pela Operação Mãos Limpas. Todos os presos prestaram depoimento à PF durante a madrugada. Patrícia esteve ontem com Dias: Dentro da situação, ele está reagindo bem. Nunca tinha passado por uma situação nesse sentido.

Os outros 16 presos, incluindo o ex-governador e candidato a senador Waldez Góes, foram levados para a penitenciária da Papuda e o presídio feminino. É o caso da mulher de Góes, a ex-primeiradama do Amapá Marília Góes, que é delegada da Polícia Civil.

O advogado Cícero Bordalo Júnior, que chegou a atuar na defesa do governador, discordou da estratégia de não ajuizar pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal em favor de Dias.

Possuo opinião técnica totalmente divergente da atual estratégia adotada pelos nobres colegas disse ele, por email.

Bordalo Jr. atende outros clientes detidos na operação e já pediu que sejam libertados.

Até ontem, porém, os 18 presos permaneciam encarcerados, segundo a PF.

"Somos ficha limpa", diz candidato O vice da candidatura de Pedro Paulo Dias à reeleição, Alfredo Góes (PDT), afirmou, em evento para militantes no Amapá, que a chapa formada pelos dois é ficha limpa.

No sábado à noite, Alfredo Góes participou de um ato político, em frente à Fortaleza de São José de Macapá, em defesa de Dias e de Waldez Góes (PDT), ex-governador e candidato ao Senado pelo estado, também preso pela Operação Mãos Limpas da Polícia Federal.

Nós não temos medo de nenhuma coerção. Nós somos ficha limpa, sim senhor, e no dia 3 de outubro vamos mostrar isso afirmou Alfredo Góes, durante o evento, que foi embalado pelo jingle da campanha do governador do Amapá.

O candidato a vice disse acreditar que, em breve, Dias e Waldez, que estão detidos em Brasília, retornarão ao Amapá e retomarão suas campanhas. No mesmo evento, a esposa de Pedro Paulo Dias, Denise, pediu aos militantes que continuassem a campanha do marido.

Depois das prisões, o presidente do Tribunal de Justiça do Amapá, desembargador Dôglas Evangelista Ramos, de 67 anos, assumiu o governo do estado. Ele defendeu a volta de Dias ao cargo. Para Evangelista, enquanto o governador não for condenado, deve continuar respondendo pelo Executivo do Amapá.

Em 2002, Dias se elegeu vicegovernador na chapa liderada por Waldez Góes. Em 2006, foi reeleito como vice.

Desde 3 abril de 2010, é governador do Amapá. Ele assumiu após Waldez Góes ter deixado o cargo para se candidatar ao Senado.

Com G1