Título: Comparando este governo com a gestão de Garotinho, houve avanços
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Fonte: O Globo, 17/09/2010, O País, p. 18

Gabeira elogia iniciativas do governo do estado, mas ressalta que conquistas ainda são pequenas; em entrevista ao GLOBO, candidato do PV condena "visão pré-republicana" e "servilismo" da gestão de Cabral, seu adversário

O candidato do PV ao governo do estado, Fernando Gabeira, reconhece avanços de gestão do adversário Sérgio Cabral (PMDB), apesar de dizer que ainda é preciso caminhar mais. Durante quase duas horas de sabatina no GLOBO, o candidato elogiou as UPPs e as UPAs apontando, no entanto, problemas nas duas principais vitrines de Cabral. No caso da política de segurança, afirmou que ela não pode se resumir às UPPs e criticou o fato de estar voltada apenas para a capital.

Bem-humorado, brincou quando o candidato a vice na chapa, Márcio Fortes, chegou ao local da entrevista, que já havia começado: Vocês podem soprar, se for o caso disse ele, dirigindo-se a Fortes e ao deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB).

As críticas mais contundentes de Gabeira foram à forma de seu adversário fazer política. Afirmou que, ao insistir na defesa de que quer se reeleger para garantir o bom diálogo com o governo federal, Cabral usa um discurso pré-republicano.

O Rio vive uma pré-república: é preciso que o presidente seja amigo e aliado do governador para que o estado seja atendido disse, defendendo relações cordiais, não servilistas, com o governo federal.

Gabeira disse que sua candidatura está revestida da missão de ocupar o espaço da oposição a um governo que tem o apoio de 91 dos 92 prefeitos. Os outros desafios, disse o candidato, são desmontar a máquina de propaganda do governo e mostrar propostas.

Gabeira apontou o saneamento como o grande problema ambiental do estado.

Mesmo reconhecendo a dificuldade de mudar o quadro eleitoral as pesquisas apontam vitória de Cabral no primeiro turno Gabeira disse acreditar num segundo turno na eleição fluminense.

O GLOBO: Gostaria que fizesse um balanço da campanha.

As pesquisas não estão favoráveis ao senhor. A que atribui isso?

FERNANDO GABEIRA: O balanço é bastante positivo. Talvez tenha sido a campanha mais difícil que enfrentei nos últimos tempos, em termos de recursos de adversários e de visibilidade, uma vez que a campanha para governador é ofuscada pela presidencial. Se dependesse das pesquisas, nem sairia de casa. Estou sempre com 1%, 2% quando começam as eleições. Em geral, os candidatos garantem que vão vencer, mas não posso garantir.

Depende dos eleitores.

O GLOBO: A que atribui o fato de não ter criado uma onda verde, como na última campan h a ? Foi a aliança como DEM?

GABEIRA: Não creio. Este governo gastou R$ 430 milhões em propaganda. Na campanha, temos uma tarefa dupla: desmontar a propaganda oficial e apresentar nossas propostas, o que torna a campanha mais difícil.

O GLOBO: O senhor admite que esse governo avançou na questão da gestão?

GABEIRA: Admito. Comparando esse governo com a gestão de Garotinho, houve avanços importantes, que permitiram ao governo obter grau de investimento. Houve uma organização.

Mas o avanço ainda é muito pequeno. Poderíamos já ter um nível de informatização mais avançado. A nota eletrônica não foi vitoriosa no Rio.

O GLOBO: A sensação de segurança que as UPPs trouxeram provavelmente alavancou o seu adversário. Qual sua avaliação sobre as UPPs e o impacto que têm na sua campanha?

GABEIRA: As UPPs são uma boa iniciativa. Já tivemos um posto policial comunitário no Rio. Era organizado com uma relação numérica entre soldados e traficantes tão desequilibrada que os traficantes mandavam no posto. Agora essa relação foi superada. O primeiro problema é que o ideal é fazer as UPPs e acompanhar com obras sociais e de infraestrutura. Aqui, houve uma dissociação. Grande parte das pessoas que vive na Baixada e no interior apreende os problemas de segurança como resultado da fuga de pessoas que saíram das UPPs. Nem sempre isso é verdade. UPPs são importantes, mas não podem sintetizar uma política de segurança.

O GLOBO: O senhor fala, no caso das UPPs, de uma teoria pós-UPP...

GABEIRA: Não estamos na teoria pós-UPP. Porque o governador está prometendo uma UPP em cada comunidade.

E ninguém sentou à mesa para calcular quantos soldados são necessários e quanto de recursos..

O GLOBO: Fizemos o cálculo: daria 1% do PIB do estado, transportando o custo das UPPs para todas as favelas do município.

O senhor acha que não vale esse custo?

GABEIRA: É preciso entender que as UPPs não são a única forma de resolver o problema.

Além disso, o governo concentrou tudo na capital.

O GLOBO: Mas não teria que ser assim mesmo? Concentrar primeiro na capital e aos poucos passar para o interior?

GABEIRA: Muito possivelmente teria. Mas esse não é um projeto viável. Por mais bonito que pareça para as pessoas, não podemos ter uma parte da população vigiando a outra.

O GLOBO: E qual a solução?

GABEIRA: Em algumas comunidades, a solução é simplesmente resolver pela inteligência.

Em São Paulo, por exemplo, agora, foi dissolvida toda uma quadrilha, com a infiltração de um candidato, que tinha o número 171. O Elias Maluco foi preso sem um tiro.

O GLOBO: Qual a sua proposta para a velha PM?

GABEIRA: A PM já tem hoje um processo de avaliação de seus membros e uma exclusão anual de mil pessoas. Ela já tem um sistema de disciplina.

Mas acho que é preciso mais que isso. O salário da PM do Rio é ridículo, comparado com outras PMs do Brasil.

O GLOBO: Se eleito, manterá os programas das UPPs, expandirá ou fará diferente?

GABEIRA: Mantenho, expando e faço diferente. Tudo o que você pensar. Há lugares em que eu não posso fazer.

O GLOBO: No Rio, o número de pessoas com ordens de prisão que não são cumpridas é muito maior que em São Paulo.

Como resolver essa questão?

GABEIRA: Anteontem, São Paulo iniciou um novo projeto, que é o da pulseira eletrônica, que custou R$ 50 milhões. No Rio, ao mesmo tempo que há uma série de mandados não cumpridos, há uma série de pessoas que deveria estar fora.

Aqueles presos que podem sair durante o dia podem ser monitorados com as pulseiras. No Rio, houve um avanço digno de celebração na redução dos homicídios, mas nossa taxa ainda é três vezes superior à de São Paulo. Nós ainda temos 30 por 100 mil. São Paulo tem dez.

O GLOBO: O seu adversário usa a ideia de que o estado precisa do governo federal.

GABEIRA: Não só é usado pelo meu oponente em relação ao governo federal, como é usado em relação aos prefeitos.

Ele tem o apoio de 91 prefeitos.

O argumento é que se não for associado ao governo, não tem dinheiro. Essa versão levou o Rio a uma visão pré-republicana.

O Rio vive uma prérepública: é preciso que o presidente seja amigo e aliado do governador para que o estado seja atendido. O próprio Lula fez um discurso essa semana se elogiando por ter dado ao Serra um tratamento republicano.

Evidentemente que é preciso que haja relações cordiais entre o presidente e o governador.

Mas não é preciso que o presidente venha aqui, bata um pênalti e você deixe a bola passar, como aconteceu.

Não é necessário nenhum tipo de servilismo. As relações podem ser altivas e dignas. Na verdade, há um compadrismo.

É preciso ser compadre.

O GLOBO: O senhor tem insistido no fim de antigas práticas políticas na arte de governar.

No Rio, o senhor se aliou ao DEM, de Cesar Maia, a quem já fez duras críticas...

GABEIRA: Para enfrentarmos um governo como esse, que tem 16 partidos com ele e uma máquina de publicidade, era necessário ter uma coligação um pouco mais consistente. O que se vê nos candidatos que mantêm a pureza em termos de coligação é que eles só têm tempo de criticar.

A aliança com o DEM possibilitou essa latitude. Há realmente reação entre alguns setores como artistas, uma reação a ela na Zona sul. Mas a resistência ao DEM e, no caso, mais à personalidade do Cesar Maia, é menor no interior, na Zona Oeste, nos lugares em que a última administração dele não foi sentida de forma muito próxima.

O GLOBO: A nacionalização da campanha acabou não ocorrendo.

O senhor começou com dois candidatos, mas eles quase não vieram ao Rio...

GABEIRA: Eu tenho o apoio do Serra, que é uma excelente pessoa. E apoio a Marina, que é a candidata do meu partido. Toda vez que eu vou a um lugar e está o Marina, me perguntam pelo Serra. Evidentemente que eu tenho que explicar: estou aqui com a Marina, mas o Serra me apoia. Ou: estou aqui com o Serra, mas a minha candidata é a Marina. Da mesma maneira, toda vez que eu saio sozinho na rua, dizem que eu sou muito sozinho.

E toda vez que eu saio com algumas pessoas, dizem que estou mal acompanhado.

O GLOBO: Em um segundo turno, o senhor aceitaria o apoio do ex-governador Garotinho?

GABEIRA: É difícil ainda determinar o que vai acontecer no segundo turno. Eu mal o conheço, mas tenho uma boa impressão da atuação parlamentar da filha dele. Ao longo de sua carreira na Câmara, ela parece ter sido uma parlamentar correta nas votações. Gostaria muito que ela me apoiasse num segundo turno, mas ainda não amadureci esta questão.

O GLOBO: Não fica complicado o senhor falar que aceitaria o apoio da Clarissa Garotinho e não do Garotinho? Não fica parecendo que o senhor entrou na velha política? Ela é diferente do pai?

GABEIRA: É, como a minha filha é diferente de mim. Os EUA não me deixam entrar lá.

A minha filha tem direito de residência nos EUA.

O GLOBO: Nessa eleição, tem o governador, com cinquenta e tantos por cento; o senhor está na faixa de 15%, e o resto está quase em traço. Não fica mais difícil acontecer um segundo turno?

GABEIRA: É difícil. Quando a eleição foi pensada, havia três candidatos e eu era o terceiro.

Iria esperar que eles se enfrentassem para fazer campanha, mas, num determinado momento, Garotinho foi afastado e a situação mudou.

O GLOBO: Se soubesse que Garotinho sairia, o senhor disputaria a eleição?

GABEIRA: Disputaria, porque existe uma questão básica, que é o fato de o Rio precisar de um candidato de oposição.

O ideal deles é que não houvesse candidato de oposição, mas um partido único e milhões de propaganda. Ideal é até que não houvesse uma imprensa no Rio de Janeiro, mas isso não é viável.

O GLOBO: Gostaria que o senhor detalhasse um pouco os seus planos para a educação.

GABEIRA: O fracasso da educação é mais ou menos consensual.

Primeiro o Ideb e depois aquela matéria do GLOBO, mostrando a redução das matrículas no Rio, de 14,7%. Em primeiro lugar, o currículo do ensino médio não é adequado. Em segundo, precisamos rever a formação dos professores. Temos de passar pelo menos uma parte das 1.100 escolas do ensino básico para as prefeituras, que está sobrecarregando o estado.

"Saneamento é um fracasso da nossa geração"

O GLOBO: Qual seria a marca da sua gestão?

GABEIRA: Nós somos um estado petroleiro. A gestão será voltada para conduzir a exploração do petróleo de forma segura e preparar o estado para a hipótese muito real de o petróleo acabar. E eu queria fazer com que o Rio se preparasse para superar a dependência do petróleo e pudesse realmente se basear na produção de conhecimento.

O GLOBO: Como o senhor avalia a condução dessa discussão dos royalties pelo governo?

GABEIRA: A decisão do Lula de mudar o regime de exploração, de concessão para partilha, eliminou algumas grandes possibilidades do Rio, logo de cara.

Nós perdemos as participações especiais. E o governador sabia.

Tentou resistir, mas sabia. Depois, quando ele (Lula) abriu isso para ir ao Congresso, em ano eleitoral, evidentemente os parlamentares quiseram que os royalties fossem divididos por todos os estados.

O GLOBO: Os serviços de trens, barcas e metrô estão ruins.

Como são concessões, o que o pode ser feito para melhorá-los?

GABEIRA: O trem é ruim, o metrô infelizmente se degradou, as barcas e os ônibus também.

Uma vez criadas essas concessões, o caminho seria uma regulamentação via agência de transportes. A agência não cumpre a sua função, é muito mais voltada para o interesse das empresas que o do usuário. O uso político do transporte acabou dificultando esse processo.

O GLOBO: No caso do transporte, o senhor é favorável ao que está sendo feito para as Olimpíadas, como BRT e metrô?

GABEIRA: O metrô para a Barra é uma velha reivindicação, precisa ser atendida. Existe uma outra fundamental que é o metrô para Itaboraí. É possível conduzir os dois. Agora, no caso específico de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, eu tenho uma proposta intermediária, enquanto não se constrói (o metrô), que são as barcas para São Gonçalo.

O GLOBO: O meio ambiente passa ao largo de seu programa de governo e do horário eleitoral.

Falar de empreendimentos como a CSA ou o Comperj, que são potencialmente poluidores, poderia tirar votos?

GABEIRA: Eu já falei da CSA, denunciamos a CSA para os verdes europeus. A esta altura da minha vida, eu cada vez me convenço mais que existe um problema do meio ambiente que os verdes brasileiros não tomaram para si, um problema fundamental, que é o saneamento básico. E eu tenho me concentrado no saneamento básico e tenho mencionado como grande problema.

O GLOBO: Este é o grande problema ambiental do Rio?

GABEIRA: Sim. Se você toca nesse problema de maneira adequada, você está dando um grande passo. Ele atinge a questão da saúde. Cada real que você investe, você economiza quatro em saúde. Eu denunciei a questão do saneamento na Mangueira, e o Sérgio Cabral disse que o problema era do Cesar Maia, que, por sua vez, disse que o problema era do Eduardo Paes. Eu falei: vamos parar com isso. Saneamento é um fracasso da nossa geração. De geração de políticos brasileiros que perdeu essa oportunidade. Nós estamos profundamente atrasados, e a culpa é dos políticos. Porque essa geração não soube dar resposta para esse problema.

O GLOBO: Se o senhor não for eleito, brigaria por essa questão do saneamento?

GABEIRA: Independentemente de eleição, porque, eleito, eu posso fazer, mas suponhamos que eu não seja eleito, a minha ideia é que eu tenha compromisso com as pessoas.

Quando você visita as famílias, elas olham para você e perguntam: você vai fazer saneamento?

O GLOBO: Eleito ou não, o senhor não acha que a oposição do Rio ao governo deva cobrar um portal de transparência para as obras da Copa e da Olimpíada?

GABEIRA: Foram formadas comissões de monitoramento da Olimpíada na Câmara dos Deputados, na Câmara dos Vereadores, na Assembleia Legislativa.

Existe um grande medo meu que são os atrasos nas obras. Sabemos que, com os atrasos, podemos levar a um afrouxamento dos procedimentos legais. E, levando a essa afrouxamento, o perigo de corrupção é muito maior.O

O GLOBO: O senhor trata como prioritária a saúde no seu programa eleitoral de TV, mas criticando Qual será a cara do governo Fernando Gabeira na saúde?

GABEIRA: É preciso recompor a relação entre o governo, funcionários e médicos. Essa relação está esgarçada. A vulnerabilidade das pessoas nos hospitais é grande. Os profissionais são mal remunerados. O segundo ponto é a recuperação dos hospitais. Encontrei pessoas que estavam nas macas, às vezes, duas semanas esperando um quarto. Outras que estavam na cama esperando uma operação há seis meses. Fila de operação tem que acabar. Quanto às UPAs, elas têm que ser mantidas, mas tem que ter médicos. Não há pediatras.

A outra questão são os indícios de corrupção. Aquele processo de venda de remédios sem licitação é sério.

O GLOBO: Suponhamos que o senhor não se eleja. O que o senhor pretende fazer?

GABEIRA: Em quase todas as sabatinas, você pergunta a pessoa o que ela vai fazer quando for eleita. Existe uma incidência muito grande de perguntas sobre o que eu vou fazer se não for eleito (risos). Eu nunca me dediquei à oposição no Rio. Eu tenho um trabalho nacional, que é ligado a minha interface, o meio ambiente, relações exteriores e mudanças climáticas. Mas acho que cumpri um papel nas eleições municipais (em 2008), estou cumprindo um papel agora e acho que a oposição do Rio pode se reestruturar. Não acredito, sinceramente, que a eleição está decidida. Se eu não acreditasse, não estava nessa batalha.

O GLOBO: Na sua biografia no site de campanha, o senhor não cita o sequestro do embaixador Charles Elbrick, em 1969, em troca de presos políticos.

Por quê?

GABEIRA: Vou te contar uma coisa: eu não li minha biografia na internet (risos). Mas eu sempre falo do sequestro do embaixador americano. Tem um filme sobre ele. É um fato bastante conhecido. Não é uma coisa que você possa esconder.

Mas vou incluir isso.

Eu não tinha visto.

O GLOBO: No episódio do seu assessor de imprensa da campanha, que trabalha e é pago pela Câmara, o senhor diz que a lei permite. O senhor, realmente, acha legítimo usar esse funcionário na sua campanha?

GABEIRA: Você está colocando questão da moralidade.

É moral ou não é? O funcionário em questão é o Marcos Veras, um amigo meu, que é o meu assessor de imprensa.

Qual é a função dele? É mediar o meu contato com a imprensa.

O Congresso está em recesso.

Em função disso, a mediação dele com a imprensa ficou reduzida à imprensa internacional e a do país procura pouco neste momento. Agora o trabalho ficou mais reduzido.

Ou ele senta no escritório e fica parado o tempo inteiro ou ele vem comigo e me ajuda neste momento sem perder suas funções. Ele não está deixando de cumprir as funções para as quais ele é pago. Está apenas otimizando o tempo dele. Então, acho que isso é moral.

O GLOBO: Como o senhor está vendo essa questão de quebra de sigilo e o caso da ministra Erenice?

GABEIRA: Em relação à questão do sigilo, me preocupo muito com um governo popular que se sentisse não só dono do Brasil, como dono das leis. Acho que é uma coisa condenável. Quanto ao episódio da Casa Civil, acho que também é grave, que merecia toda a investigação. A Polícia Federal pega o caso, desidrata.

O que é desidratar neste caso? Tirar o conteúdo político e colocá-lo como um fato comum, do dia a dia a venda de sigilo fiscal. Essa tática eles já usaram nas outras eleições.

E vão usar de novo. O episódio dos aloprados contribuiu para levar a um segundo turno. A população não deixou de votar no Lula. Mas resolveu pensar duas vezes. Eu tenho uma expectativa sincera de que esses episódios possam contribuir para que a população decida pensar duas vezes.

Participaram da entrevista: Antônio Nascimento (editor de Esportes), Ascânio Seleme (editor executivo), Cássio Bruno (repórter de País), Cristina Alves (editora de Economia), Helena Celestino (editora executiva), Maiá Menezes (editora assistente de País), Paulo Marqueiro (repórter da Rio), Paulo Motta (editor da Rio) e Silvia Fonseca (editora de País).

Eu me sinto ex-Gabeira constantemente

Fernando Gabeira respondeu também a perguntas de leitores que acompanharam a sabatina pelo site do GLOBO, pelo Facebook e pelo Twitter.

MARCIO SCHUMANN: No debate da TV Bandeirantes, o senhor foi chamado de ex-Gabeira por um adversário. Como o senhor se vê politicamente hoje?

GABEIRA: Me sinto exGabeira constantemente.

Porque, constantemente, tenho que alterar as minhas posições.

Esse jovem (Jefferson Moura, candidato ao governo pelo PSOL), que me fez a pergunta, também estava preocupado porque minha campanha não tinha dinheiro.

Não se fazem mais socialistas como antigamente.

Ele estava criminalizando a pobreza (risos).

Eu tenho uma posição muito clara sobre Cuba.

Acho que o socialismo foi um fracasso em todos os lugares onde eu o vi funcionando. E mudei bastante em função disso.

Se perguntarem se hoje eu faria a luta armada, digo que não. Considero isso hoje deplorável.

Eu jamais participaria do sequestro (do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969), acho uma forma de luta repugnante.

PABLO CORDEIRO FONTE: Quais são as propostas do senhor para o interior do Estado?

GABEIRA:A ideia é que cada uma tenha uma espécie de interlocutor, um subgovernador para responder a população em nome do governo e sobre os seus anseios. A ideia mais importante para o interior é a seguinte: temos duas indústrias com potencial de crescimento no Rio. A do petróleo e a do turismo.

A do turismo pode ser uma alavanca do crescimento em muitas regiões do estado.