Título: Irmão de Erenice é suspeito de desvio
Autor:
Fonte: O Globo, 16/09/2010, O País, p. 10

Segundo a CGU, ele trabalhou na UnB em contratos que estão sob suspeita; filho da ministra também foi envolvido

BRASÍLIA. Irmão da ministra Erenice Guerra (Casa Civil) e com trânsito nos corredores da administração federal, José Euricélio Alves de Carvalho recebeu ao menos R$ 119,5 mil da Editora da Universidade de Brasília (UnB), para a qual trabalhou como coordenador de projetos, deixando um rastro de irregularidades constatadas pela Controladoria Geral da União (CGU). Da mesma fonte, o filho da ministra, Israel Dourado Guerra, obteve cerca de R$ 50 mil entre 2004 e 2008. O tio dele autorizou diretamente o pagamento de pelo menos R$ 15 mil.

Registrada no Portal da Transparência do governo federal, a movimentação financeira integra um intricado esquema de desvios de verbas apontados em auditoria da CGU. Conforme a investigação, a editora recebia dinheiro público para tocar projetos em convênios com os governos federal e do DF. Mas os dirigentes beneficiavam pessoas próximas.

Euricélio coordenava ações custeadas com recursos da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF), vinculada ao Governo do DF.

Pelo menos R$ 5,8 milhões da entidade foram usados pela editora para pagar 529 pessoas, mas, conforme a CGU, não há comprovação de que os serviços foram prestados.

Repasses de mais de R$ 10 mil para 28 pessoas Israel integra a lista dos 28 que receberam valores maiores que R$ 10 mil, a título de assessorar os projetos tocados pelo tio ou o próprio tio.

Três repasses autorizados por Euricélio, de R$ 5 mil cada, ocorreram em janeiro de 2008, setembro e outubro de 2007. A maior parte dos recursos carreados ao filho da ministra, no entanto, veio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para custear o tratamento de povos indígenas.

Em ação proposta à Justiça, o Ministério Público Federal cobra dos dirigentes da editora e do ex-reitor da UnB, Timothy Mulholland, afastado por usar verba da universidade para mobiliar seu apartamento, a devolução de R$ 8,8 milhões, supostamente desviados na execução de convênios federais. A Procuradoria da República no DF encaminhou as suspeitas sobre Euricélio ao Ministério Público local, que não se pronunciou ontem.

Euricélio não foi localizado ontem. O GLOBO entrou em contato com o escritório do advogado de Israel, que não respondeu à ligação.