Título: Ações da Petrobras despencam até 5,12% no 2o- dia da capitalização
Autor: Bôas, Bruno Villas; Carneiro, Lucianne
Fonte: O Globo, 15/09/2010, Economia, p. 26

Segundo analistas, grandes investidores pressionam para reduzir valor de papel da oferta

RIO e BRASÍLIA. No segundo dia de reservas para a capitalização da Petrobras, as ações da companhia despencaram ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os papéis preferenciais (PN, sem voto) recuaram 5,12% e os ordinários (ON, com voto), 4,18%. Analistas apontam que contribuiu para o movimento de queda a força de alguns agentes ¿ como bancos e grandes investidores ¿ que venderam ações para pressionar para baixo o preço dos papéis que serão vendidos na oferta.

O tombo zerou os ganhos dos papéis desde a divulgação do preço do barril da cessão onerosa (sistema pelo qual a União cederá barris da área do pré-sal para a Petrobras e, em troca, receberá ações da empresa) da Petrobras, em 1ode setembro, e pegou o mercado de surpresa. A expectativa era que a ação subisse ontem, com investidores aumentando sua participação na estatal para ter direito maior de compra das ações na oferta prioritária aos que já são acionistas.

Enquanto isso, alguns investidores revelaram dificuldades em fazer a reserva, porque as agências de bancos e suas corretoras estão sobrecarregadas de pedidos. De um lado, quem já é acionista da Petrobras quer seu extrato atualizado, para saber exatamente o volume máximo de seu pedido. Pelo prospecto da Petrobras, o acionista tem o direito a adquirir, com prioridade, 0,342822790 ação por cada uma que já detenha.

Do outro, quem ainda não investe em ações deve se cadastrar nas corretoras, processo que podia levar mais de uma hora e meia em algumas agências do Centro do Rio ontem.

O prazo de reserva termina amanhã para o acionista e vai até o dia 22 para os investidores em geral.

Em alguns bancos, o início das reservas só ocorreu ontem porque o pedido de reserva não teria sido aprovado a tempo pela Petrobras. Em nota, a companhia informou que forneceu todos os dados e informações necessárias para o pedido de reserva no dia do arquivamento da oferta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 3 de setembro

Reservas se concentram no último dia de oferta

Nas corretoras, o fluxo de atualizações de cadastro ¿ necessários a cada dois anos ¿ foi normal, segundo informaram.

A expectativa é que o número de pedidos de reservas aumente nos próximos dias.

¿ Toda grande oferta ganha força nos dois últimos dias do período de reserva. Foi assim com Visanet e Santander. Os investidores aparecem ao mesmo tempo no último segundo ¿ diz o diretor de uma corretora.

Outro analista também espera aumento.

¿ Temos recebido muitas ligações de clientes que querem se informar sobre a oferta.

Eles agora estão decidindo o que vão fazer ¿ afirma.

Um analista disse que o recuo das ações ontem surpreendeu: ¿ Prevaleceu a força de alguns agentes que querem baixar o preço das ações que serão oferecidas na oferta.

Na próxima sexta-feira serão definidas quantas ações cada acionista terá direito a comprar com prioridade na oferta, com base nas posições em custódia no fim do dia. Mas como levam três dias para as ações entrarem ou saírem de custódia, valeram os papéis em carteira no fechamento de ontem.

Desde a definição do preço do barril da cessão onerosa, os maiores vendedores de ações preferenciais da Petrobras foram Morgan Stanley (R$ 332,32 milhões), Link Investimentos (R$ 115,18 milhões) e CS Hedging Griffo (R$ 112 milhões).

Outra explicação para a queda das ações ontem é que investidores embolsaram os lucros com a alta das ações no mês.

Brasil capta US$ 500 milhões no mercado externo Brasil captou US$ 500 milhões no mercado internacional, com a reabertura de um bônus Global que vence em 2041 e pagando o menor rendimento já registrado para um papel de 30 anos, segundo informou ontem o Tesouro Nacional. A oferta poderá ser estendida em até US$ 50 milhões ao mercado asiático, nas mesmas condições obtidas nos mercados europeu e americano.

A taxa de retorno para os investidores ficou em 5,202% ao ano, e o spread foi de 142 pontos acima dos títulos do Tesouro americano com vencimento semelhante.

Quando o governo brasileiro lançou esse mesmo papel (Global 2041), em setembro do ano passado, a taxa de retorno foi de 5,8% ao ano. Na época foi captado US$ 1,275 bilhão.

A ideia do governo é reforçar o volume desses papéis no mercado externo. O HSBC e o Itaú Unibanco foram os coordenadores da operação. Esta é a primeira vez que um banco nacional está entre os líderes de uma captação externa do país.

Antes, participaram apenas como co-coordenadoras.