Título: Erenice fala em traição
Autor: Roxo, Sérgio
Fonte: O Globo, 19/09/2010, O País, p. 4

Ex-ministra se diz vítima de jogo eleitoral SÃO PAULO. A ex-ministrachefe da Casa Civil Erenice Guerra afirmou em entrevista à revista Isto É que foi traída, e se diz vítima do que chamou de necessidade de a oposição gerar fatos novos.

Ela admitiu não ter controle sobre o trabalho do filho Israel Guerra, acusado de tráfico de influência, e que a campanha difamatória contra ela pode ser fogo amigo, motivado por disputa de cargos num futuro governo.

Erenice negou ter praticado tráfico de influência e classificou como traição a conduta do ex-servidor da Casa Civil Vinícius Castro: Foi uma completa traição afirmou, reconhecendo a dificuldade de controlar esse tipo de conduta: O que impede alguém, a não ser a ética, de se vender por aí como uma pessoa que tem acesso à ministra e pode facilitar qualquer negócio? É uma vulnerabilidade à qual estou exposta.

Se houve tráfico de influência, disse Erenice, ocorreu absolutamente sem seu conhecimento.

Negou ter sido abandonada pelo governo e voltou a dizer que as denúncias são pela necessidade de a oposição ter fatos novos.

Sobre o envolvimento do filho e dela própria com empresas que tinham pendências com o governo como a MTA, que obteve renovação de concessão na Anac , Erenice disse que seu filho prestou serviço para Fábio Baracat, que se intitulava dono de uma empresa chamada Via Net, mas nunca prestou serviço para uma empresa chamada MTA: A própria Anac reconhece que renovou a concessão da MTA porque eles regularizaram toda a documentação.

A MTA ganhou e perdeu licitações nos Correios. E o tal contrato com a Via Net, que seria a empresa do Baracat, jamais foi assinado pelo meu filho. É uma história muito confusa. Meu filho nunca teve contato direto com a MTA, e eu muito menos.

Explicando as nomeações que fez nos Correios do presidente e do diretor de Operações , a exministra justificou-se: Troquei a diretoria dos Correios por determinação do presidente da República, porque a estatal estava num processo de declínio na prestação de serviço. Creio que pago um preço por isso, mas não me arrependo. Do ponto de vista da minha conduta de servidora pública, era o que deveria ser feito para resgatar a credibilidade dos Correios.