Título: Minério de ferro sobe 168% em apenas um ano
Autor: Oliveira, Eliane; Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 20/09/2010, Economia, p. 17

Peso dos produtos básicos nas exportações do país sobe para 44,3%

BRASÍLIA. Em meio ao cenário de incertezas sobre o que ocorrerá com as commodities a médio e longo prazos, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que as altas de preços atingem não apenas os produtos agropecuários, mas também commodities metálicas e minerais. Na comparação entre os meses de agosto de 2009 e 2010, houve aumentos significativos nos preços de produtos como minério de ferro (168,2%), semimanufaturados de ferro e aço (59,5%), couro (50,6%) e laminados planos (49,6%).

Ao mesmo tempo, a pauta brasileira de exportações tem grande dependência das vendas de commodities. Só em produtos básicos, a participação dessa categoria de itens no total de divisas de janeiro a agosto deste ano foi de 44,3%, ante 42,8% no mesmo período de 2009. A razão do aumento é, justamente, a elevação das cotações de itens como minério de ferro, petróleo, carnes e grãos.

Pelos dados do Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), as exportações de minério de ferro subiram 80,3% nos oito primeiros meses de 2010; as de petróleo, 88,2%; e as de minério de cobre, 96,7%. Mas a grande oferta de soja por países produtores, como Brasil, Estados Unidos e Argentina, acabou reduzindo o preço do produto e os embarques caíram 6,5%.

Não tenho nada contra o Brasil exportar commodities.

O problema é que o dólar gerado com a venda das commodities no mercado internacional é o mesmo dólar gerado pela exportação de manufaturados, que traz benefícios maiores à economia, como empregos afirma o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Não temos controle sobre as commodities. Desde 2005 as cotações desses produtos vêm subindo no mercado externo e, embora sejamos grandes exportadores, somos meros espectadores.

Na pauta de exportações do Brasil, os manufaturados representam 39,7% do total, com destaque para automóveis, autopeças, aviões, açúcar refinado e óleos combustíveis. Os semimanufaturados correspondem a 13,8% da pauta, sendo as maiores contribuições açúcar em bruto celulose, semimanufaturados de ferro e aço, ferro-ligas e óleo de soja em bruto.