Título: BP veda poço cinco meses após maior desastre ambiental dos EUA
Autor: Da Bloomberg News
Fonte: O Globo, 20/09/2010, Economia, p. 18

Vazamento no Golfo do México atinge 4 milhões de barris. Empresa perde US$87 bi

NAVIOS LUTAM contra incêndio na plataforma da BP após explosão

NOVA YORK e LONDRES. Autoridades americanas anunciaram ontem que a petrolífera britânica BP conseguiu selar definitivamente o poço de Macondo, no Golfo do México, vedando de uma vez por todas a fonte do maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos. O vazamento começou após uma explosão na plataforma Deepwater Horizon em 20 de abril, num acidente que matou 11 trabalhadores. Durante 87 dias o poço, localizado a 64 quilômetros da costa do estado de Louisiana, vazou mais de quatro milhões de barris de óleo, que se espalharam pela região do golfo, contaminando quilômetros de costa dos EUA, até o dia 15 de julho, quando a BP conseguiu conter o vazamento. Faltava, porém, lacrar o poço. A BP gastou pelo menos US$8 bilhões para lidar com o derramamento de óleo.

O acidente também custou US$87 bilhões do valor de mercado da BP e o cargo de seu diretor-executivo, Tony Hayward. A empresa ainda enfrenta 400 processos na Justiça americana, reclamando indenizações, e há previsão de outras centenas de ações. Ontem, quatro estados mexicanos iniciaram procedimentos para cobrar da BP os custos do impacto da maré negra no meio ambiente e na economia da região.

¿O poço de Macondo 252 está definitivamente morto¿, afirmou o comandante da Guarda Costeira americana, Thad Allen, em um comunicado divulgado ontem. A BP concluiu seu último teste de pressão sobre os tampões na madrugada de sábado para domingo, declarando que o poço estava, enfim, vedado.

¿ Todo o setor (petrolífero) está apavorado que algo semelhante possa ocorrer com eles ¿ disse Peter Hicthens, analista da Panmure Gordon UK, em Londres. ¿ A forma como os poços são perfurados pode mudar. Isso vai passar a demorar mais. Eles serão mais cuidadosos.

Mas, antes que a BP abandone o poço, certamente o Escritório de Administração, Regulação e Execução de Energia Oceânica dos EUA vai exigir que a empresa coloque tampões adicionais, afirmou Daren Beaudo, porta-voz da BP, antes do anúncio de ontem.

Empresas criam fundo de US$1 bi para evitar acidente

O desastre revelou que a BP estava despreparada para estancar um derramamento a 1.524 metros de profundidade, onde a pressão transforma o gás natural em uma espécie de lama. A empresa demorou 87 dias para desenhar, construir e implantar uma cápsula de 75 toneladas, que conseguiu conter o fluxo de óleo, após uma série de tentativas fracassadas.

Após o acidente, o governo do presidente Barack Obama estabeleceu uma moratória temporária para a exploração de petróleo no golfo. A medida foi suspensa por um juiz. Na queda de braço com o governo e com a imagem arranhada, as petrolíferas agiram. Exxon Mobil, Chevron, ConocoPhillips e Royal Dutch Shell anunciaram um fundo de US$1 bilhão para criar um sistema para lidar com futuros acidentes em águas profundas.

Pressionada pelo governo Obama, a BP também criou um fundo, de US$20 bilhões, para indenizar vítimas do acidente.

A BP vai desmobilizar as plataformas de perfuração e outros navios que estão estacionados sobre o poço de Macondo há meses, agora que o poço foi definitivamente selado, disse o porta-voz da companhia. A frota inclui dois navios-plataformas, três plataformas de perfuração, embarcações de apoio, navios-tanques e navios que operam robôs submarinos.

No último dia 8, a BP divulgou relatório responsabilizando pelo acidente as empreiteiras associadas a ela no empreendimento, Halliburton e Transocean. Ambas empresas criticaram o relatório por omissões e erros.