Título: ONU: US$40 bi para mulheres e crianças
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Fonte: O Globo, 23/09/2010, Economia, p. 30

Iniciativa para os setores mais atrasados no cumprimento das Metas do Milênio quer salvar 16 milhões de vidas

NOVA YORK. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou ontem um esforço concentrado para salvar a vida de 16 milhões de mães e crianças nos próximos cinco anos, um investimento de US$40 bilhões. O objetivo é fazer avançar os setores mais atrasados no cumprimento das Metas de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidas pela organização há 10 anos: saúde materna e infantil.

- O século XXI precisa ser, e será, diferente para todas as mulheres e crianças - disse Ban ao lançar a Estratégia Global para Saúde Materna e Infantil na ONU, no encerramento da cúpula sobre as Metas do Milênio, que visam a reduzir a fome e a pobreza à metade até 2015. - Estamos nos unindo para apoiar mulheres e crianças com US$40 bilhões e recursos e promessas ambiciosas de fazer mais pela saúde delas. Esses compromissos vão assegurar mais saúde pelo dinheiro e mais dinheiro pela saúde.

Segundo Robert Orr, assistente sênior de Ban, o projeto seria patrocinado pelos 192 Estados-membro da organização. Em comunicado, a ONU afirmou que mais de US$40 bilhões foram prometidos por governos, fundações, empresas e organizações não governamentais.

ONGs mostram ceticismo com anúncio de novo plano

Desse total, US$27 bilhões são novos recursos anunciados por governos - o restante já havia sido prometido em abril, quando começaram as discussões do projeto. Cerca de US$8,6 bilhões vêm de países pobres, segundo a ONU. Orr ressaltou, porém, que para salvar 16 milhões de vidas são necessários US$169 bilhões. Ele espera que o anúncio dos US$40 bilhões atraia mais doadores.

A Estratégia Global vai identificar as mudanças de financiamento e políticas necessárias para melhorar a saúde de mulheres e crianças. Espera-se que o projeto evite ainda, entre 2011 e 2015, 33 milhões de casos de gravidez indesejada e 740 mil mortes de mulheres por complicações de parto.

Mas nem todos estão otimistas. Emma Seery, porta-voz da ONG Oxfam, afirmou em nota: "Aprendemos a ser céticos sobre grandes anúncios em conferências. O que realmente conta é de onde vem o dinheiro, o que significa que os líderes têm de voltar para casa e incluir esses recursos nos orçamentos dos governos".

- Uma avalanche de sentimentos cálidos escondeu o fato de que nenhum plano de ação totalmente custeado contra a pobreza foi realmente anunciado - afirmou Joanna Kerr, diretora-executiva da ONG ActionAid.

E, em editorial publicado na terça-feira, o diário de negócios "Financial Times" lembrou que "os países ricos têm sido pródigos em promessas e escassos em seu cumprimento". Segundo o jornal, a ajuda internacional ficará este ano US$20 bilhões abaixo do que havia sido prometido na cúpula do G-8 em Gleneagles, em 2005.