Título: Empresa nega irregularidade
Autor: Gois, Chico de; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 23/09/2010, O País, p. 4

Tecnet afirma que filho de ministro não atuou em licitação

SÃO PAULO. A Tecnet Comércio e Serviços Ltda, que tem em seus quadros Cláudio Martins, filho do ministro Franklin Martins, e fechou um contrato com a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), é de Amilcare Dallevo Junior, dono da Rede TV. A empresa dobrou seu capital em meio ao processo de licitação, em dezembro do ano passado, depois de sair de um processo de penhora.

Ontem, em nota, Dallevo afirmou que, embora Cláudio trabalhe na Tecnet desde 2007, ele não participou do processo de licitação com a estatal ligada a seu pai.

"Claudio Martins trabalha há dois anos na empresa, teve carreira profissional exemplar na área técnica de várias emissoras de TV antes de assumir suas atuais funções. Este profissional cuida prioritariamente do início da expansão internacional da empresa, visando a exportação do sistema em TVs de países onde será implantado o ISDB-T (Sistema Brasileiro de TV Digital), em nada tendo ajudado no certame em questão", afirmou a nota de Dallevo Junior.

A Tecnet foi aberta em 2002, com um capital de R$20 mil. Em 2005, o capital foi ampliado para R$180 mil, segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, aos quais O GLOBO teve acesso. Em 2007, houve um salto no capital para R$680 mil. Em dezembro do ano passado, a empresa mais que dobrou seu capital, para R$1,5 milhão, ao mesmo tempo em que ocorria a licitação na EBC.

A Tecnet já sofreu processos de penhora por fazer parte do grupo da TV Omega, nome real da Rede TV. A penhora já foi cancelada.

Na nota à imprensa, Dallevo ainda afirma: "Em 30 de dezembro de 2009, a Tecnet venceu uma concorrência da EBC para fornecimento de sistemas de gerenciamento de arquivos digitais. Uma concorrência pública, de portas abertas e com a possibilidade de participação de qualquer empresa com capacidade técnica para tal. Acima de tudo, a citada concorrência foi na modalidade de pregão presencial, onde cada um dos participantes tem a liberdade e o livre arbítrio para reduzir os seus preços até onde lhe for possível, beneficiando sobremaneira o poder público. Devido à exclusiva tecnologia de ponta de seu software e seu correspondente desenvolvimento no Brasil, a Tecnet consegue entregar sistemas de última geração a preços extremamente competitivos. Isso gerou significativa economia aos cofres públicos. A Tecnet vem cumprindo rigorosamente os prazos estabelecidos no edital".

Segundo Dallevo, a "imprensa tem papel fundamental na fiscalização das instituições públicas e na garantia de uma sociedade democrática". O empresário acusou o jornal "O Estado de S. Paulo" de "tentar jogar nebulosidade em um processo claro e transparente".