Título: Dilma: silêncio sobre denúncia na EBC
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 23/09/2010, O País, p. 9

Sem comentar caso, candidata defende a demissão de servidores contratados por critério de parentesco

DILMA: CANDIDATA diz que imprensa "exagera pesado" com ela

BRASÍLIA. A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, não quis comentar a suspeita envolvendo Cláudio Martins, o filho do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Mas defendeu a demissão de todos os servidores em cargo de confiança indicados no governo pelo critério de parentesco e amizade pela ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. Paula Matos, filha do presidente dos Correios, David de Matos, foi mais uma assessora de Erenice demitida anteontem.

- Não sou a favor da indicação de parentes, nem sou a favor da indicação por critérios de amizade. Se houve indicação por parentesco e critério de amizade, sim, sou a favor (da demissão) de todos os indicados - afirmou.

Indagada se não era o caso da nomeação de Erenice Guerra - sua amiga e braço-direito na Casa Civil -, Dilma argumentou que ela não se enquadra nesses dois critérios.

- Não indiquei porque era minha amiga, indiquei Erenice porque era uma pessoa que conheci na transição do governo, que era do setor elétrico, advogada competente da área e militante há muito tempo.

Dilma reclamou ontem que, às vezes, a imprensa "exagera pesado" com ela, mas disse que é tolerante e que, se eleita, os jornalistas podem criticá-la o dia inteiro. Mesmo questionada, Dilma não quis dizer se apoiava ou condenava o ato preparado pelo PT, Centrais sindicais, UNE e partidos da base contra o que apelidaram de "mídia golpista", hoje, em São Paulo. Intitulado Ato Contra o Golpismo da Mídia, o evento vem sendo rechaçado por representantes da sociedade civil.

- Tem hora que o pessoal anda exagerando comigo. Não vou falar que tenha golpe midiático, só vou falar que exageram um pouco. É só vocês lerem os jornais, tem hora que exageram pesado. Mas o fato de exagerar pesado, a mim não incomoda. O meu partido pode falar isso. Eu sou uma pessoa que convive perfeitamente com a crítica. O que não pode é querer que eu aceite tudo calada - disse a candidata.

Ao falar sobre a reação de entidades ligadas ao governo contra denúncias publicadas pela imprensa sobre corrupção no governo Lula, a candidata petista disse que não estimula o ódio.

- O ódio é que nem droga. Quem entra no ódio não sai mais. Eu acho que todo mundo tem direito de falar o que quiser. Se eu achar que está errado eu tenho todo direito de dizer que está errado, por isso e por aquilo, com os meus argumentos. Não significa nenhum desrespeito a ninguém. A imprensa pode falar o que bem entender. O máximo que eu posso falar é que está errado.

Dilma se reuniu ontem em Brasília com representantes do Conselho Nacional de Turismo, para quem prometeu manter a pasta em um eventual governo. A candidata não quis adiantar se irá reduzir o número de ministérios.