Título: Serra: cortes em cargos para elevar mínimo
Autor: Freire, Flávio; Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 23/09/2010, O País, p. 13

Tucano diz que aumentos prometidos não são eleitoreiros

SÃO PAULO. Em entrevista ontem ao programa "Bom Dia Brasil", da Rede Globo, o candidato tucano, José Serra, disse que para pôr em prática um salário mínimo de R$600, como prometeu durante a campanha, é preciso fazer cortes nos cargos de confiança e renegociar contratos do governo federal. O tucano disse ser factível não só o aumento do mínimo como a elevação do valor pago de cada aposentadoria em 10%. Nesse caso, se eleito, Serra teria que tirar dos cofres públicos mais R$28 bilhões para pagar os aposentados, conforme previsão do orçamento de 2011, que é de cerca de R$280 bilhões. Perguntado pela jornalista Míriam Leitão se a promessa não seria eleitoreira, por causa da previsão orçamentária, Serra justificou:

- Não é promessa, é um anúncio. Por que eleitoreira? Se é algo que a gente vai fazer, não é eleitoreira. Pensei bem como financiá-los. Haverá cortes. E tem receita adicional que está subestimada. Além disso, pode ter aumento das contribuições dos empregados por conta do aumento do mínimo, cortes em cargos de confiança e cabides de emprego e renegociação de contratos, que estão inflados. É absolutamente factível que o orçamento comporte essa despesa.

Serra voltou a defender um 13º salário para o Bolsa Família.

- O fato é que tem um conjunto de famílias, dependentes do programa, que muitas vezes não têm mais condições de ascensão, seja pelas condições de idade ou da própria família. Por isso, é um custo moderado e bem razoável.

Serra foi questionado sobre o apoio do PSDB ao candidato do PSC ao governo do DF, Joaquim Roriz. Disse que se tratou de aliança que não foi decidida no âmbito nacional, apenas regionalmente.

- A questão está na Justiça, que vai resolver quem disputa ou não. As alianças são sempre regionais ou locais. Não é decidida nacionalmente. O partido, em cada lugar, encaminha uma aliança. O Roriz teve problemas com a Justiça, está se defendendo, e a Justiça é quem vai dar um pronunciamento final.

Sobre o uso da imagem do presidente Lula em seu programa de TV e a falta de defesa ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra explicou que, no primeiro caso, a ideia foi mostrar que ele e Lula têm experiência política, ao contrário de sua adversária, Dilma Rousseff. E argumentou que ninguém defende mais o governo de FH do que ele próprio.