Título: Dívida pública sobe para R$1,6 trilhão
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 24/09/2010, Economia, p. 28

Cresce para 10% participação de estrangeiros no estoque do endividamento

BRASÍLIA. A dívida pública federal (que inclui o endividamento do governo em títulos no mercado interno e no exterior) voltou a subir em agosto, 1,04%, e fechou o mês em R$1,618 trilhão. Essa elevação, que corresponde a R$16,7 bilhões, se explica pela emissão líquida de papéis no montante de R$3,28 bilhões e pela incorporação de juros que corrigem a dívida no valor de R$13,45 bilhões.

Segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, a parcela da dívida corrigida por papéis prefixados subiu de 32,82% em julho para 34,62% em agosto. Já o endividamento atrelado à taxa Selic passou de 32,27% do estoque para 32,36%. A participação dos títulos atrelados a índices de preços caiu de 28,19% para 26,36%.

Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, no mês passado, houve uma forte demanda dos investidores por títulos públicos, especialmente os prefixados. Ele explicou que esse interesse se deve ao fato de o Banco Central ter sinalizado que iria encerrar o ciclo de alta dos juros no país.

O coordenador lembrou ainda que a participação de investidores estrangeiros na dívida voltou a subir, atingindo 10,06% do estoque, o que equivale a R$150,6 bilhões. Esse é o maior patamar desde que o Tesouro começou a acompanhar o indicador em janeiro de 2006. Em agosto do ano passado, esse percentual era de 6,36% ou R$85,8 bilhões.

Segundo Garrido, a entrada de estrangeiros na dívida é positiva porque esses aplicadores costumam buscar papéis prefixados e de longo prazo, que ajudam a dar mais previsibilidade ao Tesouro e a alongar o endividamento.

O perfil de vencimentos da dívida melhorou em agosto. A parcela do estoque com vencimento a curto prazo (12 meses) baixou de 28,22% em julho para 26,37% no mês passado. Já o prazo médio de vencimento manteve-se estável, permanecendo em 3,59 anos.